segunda-feira, junho 29, 2009

"Jamais" ou a política à portuguesa


Eu disse mas não disse,
Eu não sabia mas sabia,
Eu não interfiro mas interfiro,
Eu não demito mas demito.

Protagonistas: PR, PM e os ministros do costume.

P.s. Um dos tradicionais trunfos políticos de Cavaco foi a gestão magistral dos seus silêncios. Ultimamente, tal como o engenheiro, adoptou uma nova personalidade, mais faladora e expansiva. E, então, começaram a sair asneiras e... os desmentidos.
Acho que o gabinete de comunicação do Palácio de Belém não vai ter férias...

Estamos próximos do fim...

Foi o que pensaram os poucos socialistas de bom senso que ainda existem quando ouviram o ministro das finanças a dizer que estamos próximos do fim da crise...
O povo que, soubémos hoje, é feliz já estava habituado à dupla Pino & Lino para animar a malta e enriquecer o anedotário nacional.
A Teixeira dos Santos cabia normalmente outro papel no teatro governamental. Mais sério e paternalista. Tipo avôzinho distinto e simpático que cuida dos dinheiros dos netos. Agora, com esta "boutade" foi o desastre total. Está tudo baralhado!
O ministro podia ter dado uma de culto e ter dito, como Churchill, que isto não era o princípio do fim da crise, mas sim o fim do seu príncipio... Teria saído melhor e obrigava os jornalistas a irem à Wikipedia indagar sobre quem foi esse tal de Churchill. Será algum primo do Keynes, o súbito mentor da política económica do engenheiro?

P.s. Contudo, vendo isto de outro prisma, até pode ser que o homem tenha razão. Afinal, segundo outra ilustre personagem que já dirigiu as finanças do burgo e que agora quer ser primeira-ministra, esta crise não passa de um abalozinho...

Entre o Inferno e o Céu

Segundo um estudo do ISCTE divulgado pelo Público, nós, portugueses, consideramo-nos pobres, desmobilizados mas felizes.
Imagino que os finlandeses se considerem ricos, mobilizados mas infelizes.
O velho das botas, nascido em Sta. Comba, esse inteligente que mandou nisto durante uma porrada de tempo e ainda tem por aí alguns seguidores é que tinha razão: pobrezinhos, honrados mas sempre felizes...

"Tudo isto existe,
Tudo isto é triste,
Tudo isto é Fado"


sexta-feira, junho 26, 2009

Hoje há Jornal Nacional com a Manuela Moura Guedes!


Dizem as más línguas que será mais uma sessão de tiro ao boneco...
Agora que a terrível ameaça do lápis azul da PT se desvaneceu na poeira dos dias que passam, vai ser sempre a abrir...

Coerência, procura-se!


Gosto da irreverência de Direita do 31 da Armada, ao melhor estilo do Bloco de Esquerda...
Há ali inteligência, bom gosto e muita criatividade. Neste particular, os vídeos do 31 são peças antológicas sobre a nossa realidade.
Neste blog, Sócrates é o inimigo público a abater. E os argumentos utilizados para tal fim são normalmente pertinentes e quase sempre engraçados no estilo.

Agora o que falta, demasiadas vezes, é alguma coerência no conteúdo. Ontem, Rodrigo Moita de Deus criticava a hoje gorada compra da Media Capital pela PT. Hoje, o mesmo autor considera a ingerência do governo no negócio "Indecente. Inacreditável. Intolerável intervenção governamental num negócio entre privados!".
Haja coerência! Independentemente das cambalhotas do engenheiro.

Com a devida vénia ao "Listening Post" da Aljazeera

Eu bem avisei...

Assim se destrói uma boa ideia.
Assim se destrói um bom negócio.
Os nossos políticos de pacotilha, a começar em Belém e a terminar em S. Bento, devem estar felizes. Mostraram quem manda aqui e, como de costume, voltaram a fazer merda!
Agora, os moços da Telefónica vão avançar e comprar a Media Capital a preços de saldo, e mais dia menos dia põem os patins ao José Eduardo Moniz.
Então, decerto, aparecerão as virgens púdicas e carpideiras do costume...
Se eu fosse o Zeinal Bava demitia-me e aceitava os convites para ir trabalhar para a Telefónica... Não é isso que fazem os socialistas quando saiem do governo?


P.s. O meu post de ontem foi premonitório

quinta-feira, junho 25, 2009

Os políticos só atrapalham

Depois de ouvir hoje Zeinal Bava na RTP, só apetece dizer uma coisa:
Políticos assim só atrapalham!
Uf! Até pareço a Manelinha Ferreira Leite...
Se Zeinal Bava fosse CEO de uma empresa estrangeira seria apresentado na nossa imprensa paroquial como um génio da gestão. Como tem o azar de ser o líder de uma grande empresa portuguesa (na qual o Estado tem umas 500 acções que lhe dão direitos especiais de gestão), é apresentado como um mero moço de recados que se limita a obedecer aos caprichos do engenheiro Sócrates e, sobretudo, ao seu desejo húmido de anular José Eduardo Moniz.
Sejamos racionais! Do ponto de vista empresarial, a aquisição de uma parte do capital da Media Capital nestas circunstâncias seria um bom negócio em qualquer lado do mundo. Que o digam os moços da Telefónica...

A Obra já viveu melhores dias

Parece que a crise já toca a todos, segundo dá a entender a notícia sobre a acusação de cinco administradores de topo do BCP.
Nem aqueles que, por via da Opus Dei, estavam mais próximos do Divino lhe escapam.
O monsenhor Josemaria deve estar a dar voltas no caixão com tão elevadas demonstrações de ética e moralidade...
Entretanto, a facção maçónica que hoje governa o maior banco privado português estará exultante com as embrulhadas dos seus eternos adversários.
Consta que o Dan Brown já tomou nota do potencial literário (e, sobretudo, comercial) das intrigas e das lutas intestinas do BCP e anda por aí a inspirar-se para um novo livro...

quarta-feira, junho 24, 2009

Paris Hilton devia ser processada por José Sócrates

Segundo o "i", Paris Hilton considera que Cristiano Ronaldo é efeminado e como tal não serve para seu namorado.
Isto é um ultraje! Porque põe em causa a marca Portugal no mundo. O nosso PIB e as nossas exportações estão em perigo.
Agora, só faltava dizer que o Mourinho - esse outro esteio da nossa identidade nacional - também só gosta de homens...
O primeiro ministro, tão expedito em pôr processos a tudo e a todos, devia agir em conformidade e meter uma acção judicial a esta senhora!
A bem da Nação!

P.S. Isto sim, são assuntos que deveriam merecer a atenção da oposição no debate quinzenal com Sócrates.

Uma estátua para o João Miguel Tavares!

Temos mais um herói nacional!
Chama-se João Miguel Tavares. É jornalista do Diário de Notícias e enfrentou com sucesso o primeiro ministro numa crónica demolidora que provocou uma acção judicial do líder socialista. Hoje ficámos a saber que o Ministério Público arquivou a queixa por considerar que "não excedeu os limites da crítica".
Note-se que esta vitória do jornalista rebelde do DN (jornal sempre tão alinhado com o poder, qualquer que ele seja) sucedeu em plena fase de animal feroz de Sócrates e não na actual fase do humilde português suave.

terça-feira, junho 23, 2009

Ligações Perigosas

Interessante, muito interessante este "Ligações Perigosas" ("State of Play" na versão original).
O filme de Kevin Macdonald conta com mais uma interpretação de luxo de Russell Crowe que protagoniza o papel de um jornalista de investigação tarimbado e algo ultrapassado pelo imediatismo e pela vertigem do presente. Aparentemente, é mais um thriller político a acrescentar aos muitos que Hollywood produz regularmente com tons conspirativos.
Este, contudo, tem um pendor jornalístico que faz lembrar em muito o mítico "Os Homens do Presidente" de Alan J. Pakula sobre o escândalo Watergate. A forma como Washington é filmada, as cenas na redacção do jornal, a inclusão do próprio edifício Watergate no enredo e até o velho Saab de Russel Crowe faz subtilmente lembrar o Volvo 122 de Bob Woodward, protagonizado por Robert Redford no filme de 1976.
A acrescentar a tudo isto, o filme levanta de modo inteligente muitas das interrogações sobre o papel da imprensa e a sua crise face aos blogs e às versões digitais dos jornais que se limitam meramente a relatar de modo repetitivo e redutor a espuma dos dias. Como diz o crítico do Público, Luís Míguel Oliveira, "a graça de "Ligações Perigosas" está na transposição do clássico filme de investigação jornalística para o adverso contexto contemporâneo, quando ninguém tem paciência para ler o produto do extenso trabalho de campo de um jornalista e toda a gente corre para os "blogues" à procura de "opiniões".
A cena final, antes dos créditos, que descreve o processo de impressão de um jornal é perfeita. Sai-se do cinema com vontade de comprar jornais!
Recomenda-se!

segunda-feira, junho 22, 2009

Opiniões...

Anda por aí uma corrente muito céptica relativamente ao papel e ao perfil de Mousavi e das intenções dos opositores ao regime vigente no Irão.
Genericamente, ataca-se o candidato verde por ter um passado cúmplice com o sistema e critica-se a oposição por agregar interesses e facções muito diferentes que vão desde os saudosistas dos Pahlavi até a personalidades conservadoras, retrógadas e pouco recomendáveis que, por um motivo ou por outro, terão sido afastadas da clique que governa a República Islâmica.
Mas, há algum processo de mudança, mais ou menos revolucionário ou mais ou menos evolutivo, que não seja assim? Até a própria Revolução de Outubro na Rússia não acabou por recuperar algumas figuras do velho e obsoleto czarismo?
Mas, voltando a tempos mais actuais. Gorbachev era um homem do regime? Sim! De Klerk era um homem do regime? Sim! Raúl Castro é um homem do regime? Sim! Spínola, Costa Gomes e Otelo não foram homens do regime ou que, pelo menos, ganharam notoriedade e prestígio ao seu serviço! Sim!
E, no entanto, nada disso impediu que na União Soviética, na África do Sul, em Portugal e até em Cuba (vamos ver no que vai dar esta pequena abertura encetada pelo mano Castro) não tivessem ocorrido processos de transição ou de revolução no sentido de sistemas mais democráticos.
Quanto às verdadeiras intenções dos integrantes dos movimentos reformistas, basta ver o que se passou em Portugal em 1974. Basta olhar para a composição do primeiro governo provisório ou para a celebração do primeiro 1º de Maio em Lisboa. Estavam lá todos. Unidos e abraçados! Um ano depois, o país encontrava-se à beira de uma guerra civil...
É o devir da História. Ontem em Lisboa, hoje em Teerão.
Enshã'allãh*
* "Deus queira", em Farsi

Em memória de Neda:

quinta-feira, junho 18, 2009

Algodão doce



Muito macia e delicodoce a entrevista ao Engenheiro... Tinham razão os assessores socialistas ao preferirem a Ana Lourenço ao veterano e experimentado Mário Crespo.



Fantástico, Socrático e Palmático! Com uma muito humilde e devida vénia ao 31 da Armada:

Ainda o Irão. Resposta a Henrique Burnay do 31 d'Armada

Caro Henrique, quem lê o 31 percebe perfeitamente o que é uma provocação. Todavia, há aquelas que são inteligentes e há as outras...
Em lugar nenhum referi que os iranianos são todos esclarecidos e que foram votar em Mousavi por causa do discurso do Obama no Cairo. Se bem se lembra há um outro discurso anterior, traduzido em Farsi, dirigido precisamente ao povo iraniano. Mas isso é apenas um detalhe menor...
O que conta é que Obama - que não é nenhum salvador da pátria, aí concordo consigo - tem contribuído para arrefecer o clima de perigosa crispação com a maior parte do mundo islâmico e tem conseguido estabelecer algumas pontes. Aliás, o republicano Kissinger fez rigorosamente o mesmo com a China de Mao , lembra-se?
O que espanta no Irão - e eu estive lá aqui há uns anos - é o dinamismo e o activismo de certas camadas da sociedade, sobretudo nas grandes cidades. Aí, acredite, há muita gente esclarecida que faz tudo para marcar a sua posição anti-regime. Em gestos tão simples quanto o uso de Levi's debaixo dos chadors ou de lenços coloridos pelas mulheres mais jovens que tapam apenas uma parte do cabelo, passando pela instalação ilegal de antenas parabólicas para ver os canais de tv ocidentais (o Jay Leno e o Jon Stewart são vedetas para a juventude universitária) e pelo uso quase fanático da internet (o Irão é um dos países com maior presença na blogoesfera ).
Por outro lado, também importa reconhecer que há uma componente importante da sociedade iraniana que é conservadora e para a qual o radicalismo xiita e os seus líderes são centrais e inquestionáveis. Se assim não fosse, como se explicaria a revolução islâmica de 1979?
Por tudo isto, e sem ameaças externas que possam ser aproveitadas e utilizadas de modo demagógico pelo regime criminoso dos mullahs, poderão estar criadas algumas condições para uma abertura do regime. Agora, também convém relembrar que Mousavi é um homem feito pelo regime, como o foram noutras circunstâncias e noutros lugares Gorbachev e De Klerk . Se será capaz, caso este movimento obtenha sucesso, de abrir o regime é uma questão que só o futuro poderá dar resposta...
Mas que há brechas e que a República Islâmica nunca tremeu tanto como nestes dias, isso parece ser uma verdade indesmentível.
E sem Bush ...

quarta-feira, junho 17, 2009

Ideias peregrinas

Só um comentário a esta ideia peregrina dos acontecimentos de Teerão serem uma vitória de Bush, como se defende no 31 d'Armada.
O que está a acontecer em Teerão só pôde acontecer nesta escala inesperada porque o triste do Bush já não risca nada. Deste modo, o inimigo satã deixou de fazer sentido aos olhos dos iranianos, como o prova o discurso mais apaziguador de Obama.
Se bem se lembram, durante a administração Bush, e após a invasão do Iraque, esteve sempre no ar a ideia saloia e perigosa de atacar militarmente o Irão.
Este foi precisamente um dos muitos condimentos que ajudaram em muito à popularidade interna do ditador Ahmadinejad. Os iranianos são um povo nacionalista e orgulhoso da sua cultura persa e o regime teocrático explorou ao limite e do modo mais primário possível este filão a que acrescentou outro, a sempre eterna ameaça sionista.
Hoje, para o iraniano comum esclarecido, estas ameaças estão relativizadas e por isso o que salta à vista é a realidade interna da economia, das promessas por cumprir e da repressão dos costumes e dos direitos cívicos que o regime dos mullahs impõe a uma sociedade que se quer libertar.
Dizer que isto é uma vitória do Bush é tão básico e enganador como dizer que a actual crise económica é uma vitória do Marxismo...

José Eduardo Moniz no Benfica?

Segundo o Expresso, José Eduardo Moniz, actual Director Geral da TVI e marido da Manuela Moura Guedes, será candidato à presidência do Benfica na lista das oposições reunidas. Esta facção encarnada mais parece um albergue espanhol, pois consegue integrar nomes tão díspares como o ex-jogador Veloso, o juíz Rui Rangel, Manuel Damásio, Jaime Antunes ou o inevitável José Veiga.
Fontes bem informadas afirmam que Manuela Moura Guedes será a futura directora desportiva, substituindo assim Rui Costa.
Será verdade ou tão somente imaginação minha?

Será verdade? Ou tão somente imaginação?

Corre por aí que Mário Crespo terá sido vetado pelo staff de José Sócrates para conduzir a entrevista que este dará hoje à noite na SIC, depois de enfrentar no parlamento a moção de censura do CDS.
Em alternativa, o nome consensual foi o da bem interessante jornalista e apresentadora Ana Lourenço.
Segundo alguns meios bem informados, os assessores do primeiro-ministro não aceitaram o nome do mais carismático apresentador do canal de notícias de Balsemão devido às suas posições públicas relativas a este governo. Recorde-se que Mário Crespo no seu Jornal das 9 tem dado algumas alfinetadas no governo e na sua coluna de opinião semanal no Jornal de Notícias tem sido bastante duro com os socialistas.
"Para ser entrevistado por Mário Crespo, então mais valia ir ao tirocínio com a Manuela Moura Guedes na TVI" terá comentado um assessor.
Será verdade ou será só imaginação minha?

terça-feira, junho 16, 2009

O Furacão acordou... mas já volta a adormecer


Segundo o Público, mais uma das empresas emblemáticas do Socialismo Socrático, a Visabeira, está a ser alvo de buscas no âmbito da sempre eterna e omnipresente Operação Furacão a mando da não menos surpreendente procuradora Cândida Almeida, a tal que ainda anda à procura do filho do tio do Zézinho...

segunda-feira, junho 15, 2009

Pugilato parlamentar


Combate ao rubro na Comissão Parlamentar em:
http://static.publico.clix.pt/homepage/aovivo/
Pérolas imperdíveis!
"Isto não é o Burkina Faso!": Vítor Constâncio dixit (em surdina)
"Se eu estivesse à frente de um órgão, eu assumia": Nuno Melo dixit

"O que eu noto é que isto não terá fim (a audição)": Vítor Constâncio dixit
"O senhor governador é uma pessoa inteligente e eu não me tenho em muito pior conta": Nuno Melo dixit
"Depois de ignorante, daí para baixo pode utilizar qualquer um (adjectivo)": Nuno Melo dixit
"O sr. Governador é que é o inteligente da companhia": Nuno Melo dixit

"Accionistas pintados": Vítor Constâncio dixit
"Já tenho medo dos adjectivos, Sr. Deputado": Vítor Constâncio dixit
"Eu não cometo a indelicadeza de lhe chamar ignorante. Remete-o para o Código Penal": Nuno Melo dixit
"Estou cá há 3 horas! Não há regras!": Vítor Constâncio dixit (em surdina)
"O que está a dizer são meras suposições de quem não percebe nada": Vítor Constâncio dixit
"Suponho que a sra. Presidente não tem dons premonitórios...": Nuno Melo dixit
"O sr. Governador é que não sabe do que fala... Pondere mais no que fala": Nuno Melo dixit
"Vá supervisionar!": Nuno Melo dixit
"Oh Sra. Presidente, um intervalo por favor!": Vítor Constâncio dixit

O Irão e as suas contradições

Aqui há uns anos estive no Irão durante 3 semanas.
Corri o país de lés a lés. Do Cáspio ao Golfo Pérsico encontrei um país surpreendente na Cultura, na História, na Arquitectura e na espantosa cordialidade do seu povo. Foram umas férias inesquecíveis!
Estávamos então em pleno consulado do moderado Kathami (hoje apoiante do contestatário Mousavi) e nas ruas sentia-se uma liberdade controlada que permitia criticas mais ou menos tímidas ao regime dos ayatollahs. A tensão entre os duros do regime e as facções mais moderadas era evidente e, aos olhos de um estrangeiro, o ambiente político e social era estremamente cativante.
Com a devida distância, vivia-se uma espécie de primavera marcelista. Kathami, que tinha sido eleito por uma esmagadora e surpreendente maioria assente no eleitorado jovem, urbano e feminino com promessas de reformas políticas e cívicas num regime extremamente inflexível e dominado pela figura omnipresente de Khomeni, acabou por falhar deixando um lastro de frustração nas hostes mais liberais. No fundo era um homem do sistema e que o sistema tudo fez por anular.
Num estado teocrático como o Irão, o poder político continua a ser uma emanação de Deus e o Supremo Líder, o ayatollah Ali Khamenei, e o Conselho dos Guardiões são os seus detentores derradeiros.
Hoje, o Irão volta a viver esta eterna tensão entre uma sociedade laica e moderna que o Xá tentou impôr violentamente e uma sociedade e um aparelho de Estado alavancados na tradição mais conservadora dos Shiitas que, sem os inimigos externos e ameaças reais de outrora (o Iraque de Saddam ou os Estados Unidos de Reagan e Bush), se sente em perigo. Resta Israel como eterno inimigo para excitar o povo.
É por isso que o Ocidente não pode cair no erro maniqueísta e simplista de voltar a etiquetar o Irão como um dos membros do Eixo do Mal. Apesar do cerco e das limitações impostas pelo poder religioso dominante, a sociedade iraniana apresenta um dinamismo e uma criatividade fabulosos (veja-se como a Internet e o You Tube têm sido utilizados nesta crise) nos quais as mulheres e os jovens desempenham um papel central contrariamente ao que sucede em alguns países vizinhos, tão amigos e tão protegidos pelo Ocidente...

sexta-feira, junho 05, 2009

Não percebo porque raio a esquerda não quer o Durão na Comissão!

Amanhã é dia de reflexão

Finalmente chegámos ao último dia de campanha eleitoral!
Amanhã vai imperar o silêncio e as picaretas falantes vão poder descansar as suas gargantas
E nós os nossos ouvidos e, sobretudo, a nossa cabeça.
O disparate, por um dia, estará silenciado e em repouso.
Domingo, lá vão eles voltar, ufanos, para declararem vitória.
Sim! Porque, por isto ou por aquilo, todos serão vencedores...

quinta-feira, junho 04, 2009

Tiananmen foi há 20 anos

Será que a Ilda Figueiredo vai hoje festejar mais estes 20 anos de violação dos Direitos Humanos na amada pátria do Mao?

A este propósito vale a pena ler isto no Delito de Opinião

quarta-feira, junho 03, 2009

Limpa-te Ricardo, limpa-te...

Ricardo Costa, director adjunto do Expresso, esteve agora na SIC Notícias e tentar limpar-se da bronca em que está metido sobre a notícia das acções de Cavaco Silva da SLN vendidas em 2003.
Nesta tentativa patética, Ricardo Costa diz qualquer coisa como isto: "Cavaco Silva foi accionista da SLN que custou não sei quantos mil milhões de euros ao Estado".
É verdade. E então?
É pecado ter sido accionista de um banco que, à altura, era uma instituição legal, autorizada e avalizada pelo regulador?
Ricardo Costa diz que é uma notícia relevante do ponto de vista jornalístico.
Ah! Então, o director adjunto do Expresso também deve colocar em primeira página que o seu patrão, Pinto Balsemão, é accionista dessa outra pérola do sistema bancário português chamada Banco Privado Português...
E será isso pecado? Parece-me que não!
O problema de fundo neste episódio é que houve alguém no Expresso que se esqueceu de fazer jornalismo de investigação a sério e não resistiu à publicação de uns documentos que lhe foram soprados com outras intenções.
Azar! Da próxima vez não sejam tão precipitados...

Grande resposta!

O inquilino de Belém provou hoje que não anda aqui a brincar aos políticos (vale a pena ver o vídeo no "i"). Com uma resposta directa, seca e solene q.b. mostrou o seu lado da história no que se refere ao caso da compra e vendas das acções da SLN.
Para mim foi esclarecedor!
Oxalá outros pudessem mostrar tanta clareza e certeza relativamente às sucessivas suspeitas em que estão envolvidos...
Só uma questão final. Se, em 2002/2003, era pecado ter acções da SLN, onde é que estava o Banco de Portugal e o seu majestático governador para alertar os incautos investidores?
Entretanto, o Expresso já publicou no seu sítio uma nota a justificar-se pela notícia que foi manchete da sua edição do passado sábado. Contudo, não adianta muito. O que é certo é que houve alguém naquela redacção que não fez ou não quis fazer trabalhinho de casa.
E nestes casos Cavaco não perdoa. A sua resposta foi certeira e eficaz!
Meninos! Esta fica para os compêndios. É assim que se constrói uma imagem à prova de bala.

Indignidade e irresponsabilidade

É certo que foi só com esta polémica, provocada por uma birra de meninos mal comportados, que o país mais ou menos real teve conhecimento de que, afinal existia em Portugal uma Provedoria da República.
Numa época em que só existe o que é mediático e quem é mestre em produzir "sound bytes", o trabalho silencioso e, provavelmente, silenciado da Provedoria tem, no mínimo, passado despercebido ao cidadão comum. Contudo, a realidade "real" parece desmentir a realidade virtual a avaliar pelas estatísticas da actividade produzida por esta instituição, hoje divulgadas pelo Provedor demissionário.
Seja como for, o que é mesmo irreal é a forma como os meninos birrentos do Bloco Central encararam esta brincadeira de eleger o novo Provedor. Como sucede frequentemente com as crianças, ambos queriam ficar com o brinquedo só para si. O PS porque quer dominar o aparelho de Estado e não quer conviver com putativas forças de bloqueio. O PSD porque cada vez mais vê o poder por um canudo e precisa desesperadamente de um cargo com algum prestígio com que possa roer as canelas ao Engenheiro.
Deste modo, os interesses partidários foram mais importantes que os interesses do Estado e que o prestígio das instituições, a começar e a terminar na Assembleia da República.
Nascimento Rodrigues ao apresentar hoje no próprio lugar do crime, isto é na Assembleia da República, a sua demissão após quase um ano de perpetuação do problema da eleição do seu sucessor demonstrou uma dignidade e um sentido de Estado só comparáveis em sentido oposto com a verdadeira indignidade e completa irresponsabilidade dos meninos José Sócrates e Manuela Ferreira Leite.

Bartoon de hoje no Público




terça-feira, junho 02, 2009

Impressões de mais um dia de crise

Enquanto o avô cantigas e a sua corte de autocarros cheios de velhos e jovens imberbes transformados em figurantes bradam pelo Portugal Positivo que só eles conseguem ver, os números do desemprego mostram que vamos, alegremente e em festa, a caminho dos 10%.
O drama de tudo isto é que olhamos à volta e não vemos muitas alternativas.
De um lado temos autocarros e fanfarras, do outro temos uns jantaritos tímidos e sem alma com o pessoal da casa e pouco mais.
De tudo isto o que é que fica de relevante? Apenas a simples e inevitável alternância entre PS e PSD.
Como num triste jogo de espelhos.

segunda-feira, junho 01, 2009

Já fede


De facto, esta é uma campanha muito fraquita.
O nível é tão rasteirinho que começa a feder...
Já estou como o Campos e Cunha, o melhor é mesmo votar em branco ou então... ir mesmo para a praia!
É tudo tão primário, tão básico e tão artificial que se chega a ter saudades da Odete Santos.