É certo que foi só com esta polémica, provocada por uma birra de meninos mal comportados, que o país mais ou menos real teve conhecimento de que, afinal existia em Portugal uma Provedoria da República.
Numa época em que só existe o que é mediático e quem é mestre em produzir "sound bytes", o trabalho silencioso e, provavelmente, silenciado da Provedoria tem, no mínimo, passado despercebido ao cidadão comum. Contudo, a realidade "real" parece desmentir a realidade virtual a avaliar pelas estatísticas da actividade produzida por esta instituição, hoje divulgadas pelo Provedor demissionário.
Seja como for, o que é mesmo irreal é a forma como os meninos birrentos do Bloco Central encararam esta brincadeira de eleger o novo Provedor. Como sucede frequentemente com as crianças, ambos queriam ficar com o brinquedo só para si. O PS porque quer dominar o aparelho de Estado e não quer conviver com putativas forças de bloqueio. O PSD porque cada vez mais vê o poder por um canudo e precisa desesperadamente de um cargo com algum prestígio com que possa roer as canelas ao Engenheiro.
Deste modo, os interesses partidários foram mais importantes que os interesses do Estado e que o prestígio das instituições, a começar e a terminar na Assembleia da República.
Nascimento Rodrigues ao apresentar hoje no próprio lugar do crime, isto é na Assembleia da República, a sua demissão após quase um ano de perpetuação do problema da eleição do seu sucessor demonstrou uma dignidade e um sentido de Estado só comparáveis em sentido oposto com a verdadeira indignidade e completa irresponsabilidade dos meninos José Sócrates e Manuela Ferreira Leite.
DELITO há dez anos
Há 9 horas
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