A edição de Fevereiro da reputada Harvard Business Review apresenta um artigo com aquilo que esta revista considera serem as ideias emergentes que estão a mudar a Gestão.
Nessa compilação de novas teorias e tendências surge uma pequena recensão sobre a influência da criatividade no desenvolvimento das sociedades modernas. O autor desta teoria, Richard Florida, considera que para uma região protagonizar um crescimento sustentado necessita de apresentar o que ele designa por 3 T's: tecnologia, talento e tolerância.
Com base nestes três pilares, este autor construiu um Índice de Criatividade que assenta no simples príncipio que as potências económicas do futuro serão os paises que conseguirem atrair pessoas talentosas e criativas que potenciem a criação e desenvolvimento produtos avançados e processos de gestão de vanguarda.
Neste sentido, o artigo apresenta um ranking de criatividade que compara 14 países europeus e os Estados Unidos. A lista é liderada pela Suécia, seguida pelos EUA, Finlândia, Holanda e Dinamarca. Portugal ocupa a tradicional e sempre esperada última posição, atrás dos nossos velhos companheiros de estrada, os gregos.
Mas, o mais curioso de tudo é que o artigo chama a atenção para a decadência progressiva dos EUA neste índice, o que se deverá, segundo o autor, ao aumento da intolerância americana para com os imigrantes, sobretudo indianos e chineses. As limitações à entrada destes cidadãos em território americano estarão, na opinião de Richard Florida, a afectar aquilo que tem sido historicamente um dos pontos fortes da América: a sua capacidade para atrair pessoas criativas e talentosas de outras partes do mundo.
Numa altura em que, em Portugal, parece estar em voga o discurso mesquinho, primário e xenófobo de limitação cega à imigração, esta reflexão deveria fazer pensar um bocadinho nas alarvidades que por aí se dizem. Se repararmos no tal ranking, chegamos facilmente à conclusão que os países nórdicos são aqueles que melhor conseguiram integrar os seus imigrantes e, mais do que isso, os que melhor exploraram todo o potencial de serem sociedades multiraciais bem sucedidas.
Não fomos nós que descobrimos meio mundo? Não somos nós que nos achamos o paradigma da integração racial e da tolerância? Não somos nós que temos a mania que não somos racistas? A realidade dos bairros de lata ou da exploração clandestina e criminosa do trabalho dos imigrantes diz precisamento o inverso... É pena!