domingo, maio 31, 2009

Clara Ferreira Alves


As crónicas de Clara Ferreira Alves no Expresso, conjuntamente com as de Miguel Sousa Tavares são das poucas coisas que ainda me fazem comprar o vetusto semanário do Dr. Balsemão.
Neste sábado, as opiniões de CFA sobre a (in)Justiça, sobre a Polícia que adora porrada, sobre o bastonário incontinente e sobre o jornalismo de "excelência" da TVI são um hino à clarividência e ao bom senso que, nestes dias, parecem ser bens escassos no nosso espaço público.
Vale a pena ler e, com muito alívio, concluir que ainda há pessoas que pensam como nós, simples mortais!
Nota: A crónica do passado sábado já está online. (ver aqui)

sexta-feira, maio 29, 2009

Criatividade diplomática


Em tempos de crise, o português tem de facto uma capacidade criativa inata.
Segundo as notícias de hoje, o nosso homem em Dakar, isto é o embaixador da República Portuguesa, aborrecido com o tédio que deve ser representar um grande país como o nosso noutra grande potência como o Senegal, decidiu animar as noites da capital deste país africano.
Vai daí lembrou-se de instalar um lupanar (palavra curiosa esta) em plena embaixada lusa.
Sucesso garantido.
A alta sociedade senegalesa e a comunidade diplomática eram clientes fiéis e frequentes.
Mas como nestas coisas há sempre umas almas invejosas que não gostam do sucesso alheio, houve alguém mais zeloso que deu com a boca nos dentes e estragou o negócio do embaixador que, por ordem do Palácio das Necessidades, acabou recambiado para Lisboa.
Acabaram-se as festas.
O prazer foi temporariamente suspenso em Dakar.
E a embaixada portuguesa voltou a ser o que era. Um lugar entediante e cinzento.

quinta-feira, maio 28, 2009

Amanhã é sexta-feira...

Depois de uma semana quente como esta, metade do país político deve estar em pulgas para assistir amanhã a mais uma edição do Jornal da Noite da TVI. A outra metade deve estar a roer as unhas, rezando para não ser vítima do jornalismo da estação de Queluz (ver este post).
Temas há muitos.
Antes demais o Sócrates, o tio do Sócrates, o filho do tio do Sócrates, a mulher a dias do Sócrates e o porteiro do Sócrates. Depois podemos ter o Dias Loureiro, o inevitável Oliveira Costa e, claro... o Sócrates.
Finalmente, calculo que o prato do dia deva também incluir umas farpitas a esse monumento à estupidez regulamentar chamada ERC e uns tiritos ao Bastonário da Ordem dos Advogados que, heresia suprema, conseguiu ter mais protagonismo na semana passada do que a própria Manela Moura Guedes.
Foram cardos foram prosas...

quarta-feira, maio 27, 2009

Aníbal! O Loureiro já se atirou!


- E o Constâncio? Sabe nadar?




Quadro de Jessica Dunn, em exposição na Corte-Real Gallery em Paderne no Algarve.

Finalmente...

Parece que o sr. conselheiro finalmente percebeu que só havia um caminho, a demissão pura e simples, sem aditivos nem justificações de maior.
Sempre tive o ex-conselheiro Loureiro como um homem inteligente e arguto. Daqueles que percebem as coisas à distância e que jogam sempre na antecipação para ganhar vantagem perante os acontecimentos e perante os adversários do momento.
Ainda estou para perceber esta teimosia em manter-se numa posição completamente intransigente e irracional. A consequência só poderia ser esta: a demissão em condições pouco ou nada honrosas.
Se o tivesse feito há meses, assim que estalou o escândalo do BPN, teria esvaziado de imediato a polémica, teria saído com estilo e honradez, não teria envolvido a Presidência da República, ainda que indirectamente, e hoje não estaríamos aqui a bater no ceguinho.
Confesso que não entendo tamanha falta de lucidez... ou talvez entenda.

terça-feira, maio 26, 2009

Oliveira e Costa no seu labirinto: notas de um depoimento (3)

Imparidades.
Valores perenes da Humanidade.
Raça Humana.
Princípio enformantes.
Fotografia.
Informação em bruto, odioso.
Desfecho final, reserva oculta.
A verdade da mentira.
Orfandade.
Luísa Bessa.
Castrados, frustração e trauma.
Mil e trezentos milhões de euros.
Reservas de petróleo.
Luanda, 25 milhões de euros.
Tem ou tinha. Cabinda Norte.
"Beba água".
Cimento barato e Autoridade da Concorrência (outra vez).
"Por muitos erros que se tivessem cometido, ninguém poderá dizer que Oliveira e Conta é culpado pela perda de um cêntimo sequer."
Espoleta, armadilha, kamikaze.
"Muito obrigado"

Oliveira e Costa no seu labirinto: notas de um depoimento (2)

António Marta, Dias Loureiro.
Estilhaços, impulsos, problemática do ego.
"Aonde é que eu ia???"
Marrocos, Rei, futuro.
José Roquette, Moçambique e vinhas.
Armando Pinto, Daniel Sanches, Lencastre Bernardo, Luís Caprichoso.
Cimentos, pura imaginação, Aveiro
Talento, gestor, organizador.
Desbaratar tempo, sobranceria, embaraço e voluntarismo.
Síndroma de frustação, a mania dos jornalistas e inocência.
"Penoso, penoso mesmo."
Presidente em seis meses.
El Assir, tarifas de saneamento, personalidades de expressão mundial.
Superstição, Triângulo das Bermudas, cargueiro afundado.
Porto Rico, Dr. Jordão.
Cascais, 11 da noite, inevitabilidade e esperança.
Dr. Gaspar, Dr. Avelino, tecnologia, Moçambique.
Sandes.
Abel Mateus, SIBS
Mais sandes.
Comissões e taxas.
Vítima.
Papéis, perguntas, palavra contra palavra.
Veículo autónomo.
Copo de água. IPO.
Ferida a sangrar... o tempo desvanece a memória.
O ego (outra vez).
Koweit, acolhimento simpático, sapatos e meias, palacete.
KIO, instâncias, relatórios, consultores e encenação.
Caixa da Galicia, atracção pelos espanhóis, Corunha.
Parceria na saúde, rede de lares, Jonh Hopkins.
"Olhe Zé!", ministro, venda de acções e reserva mental.
"Não sou para brincadeiras", escritório, pintura de automóveis e fiasco.
Volkswagen.

Casa de banho

Oliveira e Costa no seu labirinto: notas de um depoimento (1)

Árabes, Carlyle, Angolanos e Líbios.
Coimbra, Cadilhe e Vakil.
Grupo dos 10, grupo dos 4 e UBS.
Jurilis, Pedro Rebelo de Sousa e mais um bando de advogados.
Washington, Suiça, Coimbra (a cidade) e Lisboa.
Aximage, Neves dos Santos, Engº Adam e Operação Cabaz.
Tudo bons rapazes!
Vai uma aguinha? Vai um cházinho?
Tudo límpido e transparente!

A verdade inconveniente de Oliveira e Costa

Nem o José Eduardo Moniz faria melhor nas suas telenovelas...
Oliveira e Costa vai hoje ao parlamento prestar declarações, de forma voluntária.
Depois de tanto esquecimento, de tantas contradições e de tantas acusações surpreendentes dos restantes protagonistas desta novela, o ex-líder do BPN deverá, com o depoimento de hoje, marcar profundamente o devir próximo deste caso.
Foi inteligente e astuto.
Fez passar para a opinião pública uma ideia de "animal" derrotado e abatido. Uma autêntica carta fora do baralho.
Dessa forma "incentivou" os amigos de ontem e os inimigos de sempre a aparecerem e a enterrarem-se em plena praça pública com declarações contraditórias, amnésias e outros incidentes vários. De virgens ofendidas a anjos enganados vimos de tudo. Ninguém sabia de nada, ninguém foi cúmplice em coisa alguma. Todos assinaram de cruz papéis comprometedores porque, ingénua e candidamente, acreditavam no presidente do banco.
Agora, num verdadeiro golpe de teatro, Oliveira e Costa virá ao parlamento dizer a sua verdade inconveniente e com ela arrastará muita gente. Desde o Banco de Portugal até ao sr. conselheiro de Estado, passando por toda a corte que ainda há pouco tempo o idolatrava e agradecia as ricas migalhas que generosamente caiam da farta mesa onde se jogavam as negociatas do BPN. Vamos ver como corre o episódio de hoje, ao vivo e em directo no sítio do Público.

segunda-feira, maio 25, 2009

Capa da New Yorker de Junho, por Jorge Colombo



Com a devida vénia ao "i" e à New Yorker

A imigração

Estes tempos de campanha eleitoral são perigosos pelo facilitismo e pelo maniqueísmo que propiciam. Um bom exemplo é esta questão da imigração.
A imigração tem sido nos últimos tempos o sustentáculo do nosso, mesmo assim, modesto crescimento demográfico. Em matéria económica, há muitos sectores de actividade que dependem quase exclusivamente de mão-de-obra estrangeira. Do turismo à agricultura, passando pela pesca e construção civil. Segundo o Público, os imigrantes representam 6% do nosso PIB. Mais do que a AutoEuropa e do que a Qimonda...
Ao contrário do que se quer fazer passar à Direita, a integração imediata desta gente não tem constituído um problema de maior. As bolsas de criminalidade e de violência têm sido protagonizadas pelas segundas gerações e em zonas que, historicamente, sempre foram problemáticas. Mesmo antes da última grande vaga de imigração, a maior parte destas áreas na cintura das grandes cidades já eram complicadas e, então, os seus habitantes não eram, na sua maioria, imigrantes...
Contudo, os problemas de insegurança não podem ser negligenciados como o faz alguma Esquerda. É aí, precisamente, que o esforço de integração deverá ser maior. Simultaneamente, a prevenção policial tem que ser uma exigência permanente. Uma maior presença efectiva e sentida das forças policiais em zonas de risco, e não nas secretárias a carimbar multas, também contribuiria para uma sensação de maior segurança entre as populações.
Finalmente, em termos sócio-culturais está por demais evidenciado as vantagens competitivas que a diversidade propiciada por uma imigração regulada e sustentada implica em sociedades estáveis e democráticas. Olhe-se para o exemplo norte-americano, para a Holanda, para os países nórdicos ou mesmo para Espanha e percebe-se, facilmente, que a mistura de culturas é um ingrediente potente para a criatividade e para o desenvolvimento económico e social.
Tensões e problemas haverá sempre. Já Afonso Henriques, no seu tempo, se queixava do mesmo...

domingo, maio 24, 2009

A festa começa hoje

Oficialmente começa hoje a campanha eleitoral para as eleições para o Parlamento Europeu.
Até Outubro vamos andar num virote, com muito cheiro a bifana e a sardinha assada, em que o país real e os seus problemas vão ser secundarizados pelos "sound bytes" que cada candidato e cada partido precisam de debitar no espaço público para se fazerem ouvir no meio de todo o ruído que por aí abunda.
Infelizmente, não são as ideias ou os projectos que vão estar sob o escrutínio dos media e dos eleitores, mas sim os episódios caricatos, as gaffes e demais desventuras dos candidatos.
Em Outubro, após as eleições e depois do circo estar desmontado, vamos voltar à triste realidade e quaisquer que sejam os resultados, os vencedores e os vencidos saídos da contenda eleitoral, temo, tememos todos, por uma sensação de vazio absoluto.

Oxalá me engane!

sexta-feira, maio 22, 2009

Confronto de Titãs no Jornal Nacional da TVI

Melhor do que um Brasil - Argentina;
Melhor do que um Benfica - Sporting;
Melhor mesmo do que um Farense - Olhanense;
Só o Marinho Pinto vs Manuela Moura Guedes!
Foi hoje no lugar do costume, o Jornal Nacional da TVI.
Estiveram ao melhor nível com insultos e impropérios e outras caneladas de classe superior e, quando se esperava a estocada final, o encontro terminou abruptamente com um intervalo comercial por indicação do árbitro, José Eduardo Moniz...
Memorável!

Ainda e sempre João Bénard da Costa (2)

Textos notáveis e intensos sobre João Bénard da Costa de Miguel Esteves Cardoso, Alexandra Prado Coelho e Alexandra Lucas Coelho no Público e de Pedro Lomba no "i" de hoje.
Vale a pena comprar, ler e guardar.
Infelizmente ou talvez não, é em momentos tristes como este que se sente o poder criador, intimista e, sobretudo, insubstituível dos jornais. Não há internet, blogs ou twitters que consigam transmitir esta sensação absoluta de riqueza depois de ler e tactear no papel prosas com esta força.

"Deus, apresento-Te João Bénard. João Bénard, apresento-te Deus"
MEC na edição impressa do Público

Ainda e sempre João Bénard da Costa

Acabei de ver na RTP2 um fantástico documentário sobre o génio de João Bénard da Costa.
As saudades que vamos ter daquela voz timbrada, simultaneamente, grossa e suave e daquele intenso brilho dos olhos que só a paixão e a sabedoria permitem...

quinta-feira, maio 21, 2009

Johnny Guitar, um dos filmes preferidos de Bénard da Costa




Realizado por Nicholas Ray em 1954
Produzido por Herbert J. Yates
Baseado no livro de Roy Chanslor
Argumento de Philip Yordan
Com Joan Crawford, Sterling Hayden, Mercedes McCambridge e Scott Brady



"Cinema é Vida, Vida é Cinema!"

Morreu hoje João Bénard da Costa.
Isto é uma... (ver este post), de novo!

quarta-feira, maio 20, 2009

Nem na Feira do Relógio...

Segundo o Público, o nosso ministro das Finanças acha que o BPN deve ser vendido.
Ideia brilhante!
Só uma questão. Haverá alguém interessado?
Nos dias que correm só talvez o Benfica e Luís Filipe Vieira. A avaliar pela notícia do "i" houve quase uma centena de aquisições nos últimos nove anos.
Se atentarmos à lista de jogadores comprados, concluímos que há ali fraudes do tamanho do BPN...

O mundo em 1654 e em 2009

1654:
"A primeira coisa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros.
Grande escandâlo é este, mas a circunstância o faz ainda maior.
Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos.
Se fora pelo contrário, era menos mal.
Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos;
mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande."
(...)
"Santo Agostinho que pregava aos homens, para esclarecer a fealdade deste escândalo, mostrou-lho nos peixes;
e eu, que prego aos peixes, para que vejais quão feio e abominável é, quero que o vejais nos homens."
in Sermão de Santo António; Padre António Vieira, 1654.
2009:
"Peço-vos desculpa. Estou em falta: não tenho arranjado tempo para vos falar das amadas Tombouctou e Guiné e dos famigerados vírus, o da gripe que apavora o visível mundo ocidental e o da meningite que mata aos milhares, silenciosamente, no Chade, no Níger...países invisíveis com povos sem rosto e sem voz... patético!"

terça-feira, maio 19, 2009

Teoria da Conspiração

Duas notícias, uma suspeita:
a) «Berlusconi subornou um advogado para garantir “impunidade” e “lucros”»
b) «Marinho Pinto declarou (...) já ter sido “procurado” no seu escritório para “praticar determinado tipo de actos” ilícitos».
Que andará o Berlusconi a tramar com o Marinho Pinto?

Dupond Dias vs. Dupont Vital

Desculpem lá os lagartos, mas esta é irresistível...
O Dias Ferreira está para o futebol como o Vital Moreira está para a política.
Ambos são vítimas das circunstâncias.
Mas, o mais grave e o mais sério de tudo isto é que, às tantas, já ninguém percebe bem se é a política que imita o futebol ou se é o futebol que imita a política?
O ano eleitoral promete.

Foi há 47 anos...

segunda-feira, maio 18, 2009

Olhanense


Historicamente as rivalidades entre Faro e Olhão e entre os seus clubes mais representativos, Farense e Olhanense, são as mais fortes e mais aguerridas existentes no Algarve. Em termos desportivos só terão equivalência aquela que, à escala nacional, opõe Benfica e Sporting.
A este propósito recordo-me de 3 episódios que envolveram os clubes da Capital do Algarve e da Cidade da Restauração.
Primeiro, um célebre Olhanense-Farense jogado no José Arcanjo em Olhão, cheio de emoção e pleno de incidentes. O jogo, decisivo para a subida do Farense à então primeira divisão, terminou com a vitória deste por, salvo erro, 2-1. Mas, o que marcou realmente o jogo foi a saída forçada do Paco Fortes escondido no porta-bagagens de um carro, pois os adeptos do Olhanense não lhe perdoaram a exibição, as provocações e, até a agressão a um polícia que, a dada altura, se esqueceu da sua condição de agente de autoridade e assumiu a de adepto olhanense. Em Olhão as coisas são levadas mesmo a sério.
O segundo episódio aconteceu mais recentemente, em plena agonia do Farense, quando os dois clubes protagonizavam percursos opostos. Ascendente para o Olhanense contra a queda a pique do Farense. Aconteceu no mítico e velhinho São Luís. O jogo, o último de cariz oficial entre as duas equipas, contava para a 2ª Divisão B. Com o Olhanense na liderança, a cidade de Faro foi literalmente invadida pelas gentes de Olhão. Estádio cheio, jogo bonito, provocações entre os dois lados e, no final, a vitória justa do Olhanense por 1-0.
Por fim, a terceira memória, que reflecte o que é o Algarve e o que são os Algarvios.
Final da Taça de Portugal de 1989/1990, Farense - Estrela da Amadora, Estádio Nacional cheio, e à minha frente uma convicta adepta olhanense com uma respeitável idade, trajada a rigor com as cores do seu clube, gritava e puxava pelo Farense como eu nunca vi em Faro e em lado nenhum...
Por tudo isto, como Farense e, sobretudo, como Algarvio sinto um profundo orgulho pela subida do Olhanense à Primeira Liga. Que fique por lá muito tempo. Para que o próximo derby Farense - Olhanense possa acontecer na divisão mais importante do futebol português.

sábado, maio 16, 2009

Aleluia!





Finalmente vamos ter um Museu da Língua Portuguesa.
Segundo a notícia do Público, o dito cujo vai ser instalado no antigo Museu de Arte Popular na zona de Bélem junto ao Tejo.
Não precisam de inventar muito. Por cá, a melagomania é sempre um perigo para levar a sério. Basta fazerem uma visita de estudo a São Paulo ao homólogo brasileiro que, actualmente, é o museu mais visitado da América Latina.
Com uma estrutura expositiva simples, apelativa e extremamente interactiva, o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo é um hino sentido e emotivo à nossa língua. Não descura minimamente as origens lusas, honra o português falado e escrito nos quatro cantos do mundo e, muito naturalmente, exalta a versão tropical da nossa língua.
Quase que apetece dizer que apenas bastará fazer uma cópia do conceito para o museu português. Até porque muitos dos conteúdos apresentados além-mar poderão e deverão ser acolhidos em Lisboa.
Fica uma última ideia para a CPLP. Porque não criar uma rede de Museus da Língua Portuguesa com pólos nas capitais de todos os países lusófonos, com conteúdos perfeitamente adaptados a cada uma das realidades nacionais?
Provavelmente, com um orçamento relativamente modesto, teríamos um instrumento de promoção da nossa língua muito mais eficaz e potente do que as inúmeras cimeiras e demais iniciativas estéreis que por aí abundam.

sexta-feira, maio 15, 2009

Tão amigos...

A visita de Sócrates à colónia rebelde da Madeira correu do modo mais inesperado para toda a gente, excepto talvez para o actual inquilino do Palácio de Belém.
Jardim, a exemplo de Álvaro Cunhal em 1986 com a eleição de Soares, deve ter tomado muitos sais de frutos. Foi esperar o primeiro ministro no aeroporto, acompanhou-o na visita, teve uma audiência de 30 minutos mas os jornalistas não lhe ouviram a voz.
Sócrates, por outro lado, até deve querer repetir a dose, pois, surpreendido, protagonizou os seus pequenos banhos de multidão, algumas palmas e beijinhos q.b. Nos dias que correm, não é muito comum ver reacções de tanta simpatia aqui na Cuba continental.
Enfim, no final do dia todos estavam contentes e a alguns milhares quilómetros de distância, na Turquia, a "mão invisível" de Cavaco mostrou a sua habitual eficácia e discrição.

O Remexido está orgulhoso!

O post de ontem sobre o já célebre congresso da Malásia foi hoje reproduzido na edição impressa do Público, na coluna "Blogues em Papel" do P2.

Saio mas fico!



Temos decisão!
Afinal o poeta sai das listas do PS, mas fica no partido.
Amanhã, a propósito de mais uma qualquer atitude menos ortodoxa do governo, estará a dizer que não se revê neste PS.
Começo a ter pena do Sócrates...
Será gripe suína?

Sexta-feira negra


Ora então isto está melhor que a encomenda! Ainda o dia não acabou e já sabemos o seguinte:
O Governo, esse exemplo de rigor e seriedade, prevê que em 2009 o PIB caia 3,4% e que o défice público atinja os 5,9%. Ainda segundo os nossos amados e queridos governantes a previsão para o desemprego neste ano é de 8,8%
Contudo, também hoje foram divulgados alguns dados estatísticos importantes referentes ao primeiro trimestre. E, como sempre, chega-se à conclusão que Sócrates persiste na táctica de ir adiando o inevitável, atirando números optimistas que passado uns meses é obrigado a desmentir, sem qualquer pingo de vergonha.
Assim, a verdade nua e crua é que estamos quase a atingir a fasquia olímpica dos 500 mil desempregados, o que representa 8,9% da população activa e que nos primeiros três meses do ano o PIB já caiu 3,7%. Isto é, os números reais do primeiro trimestre já ultrapassaram pela negativa as previsões do governo para o ano de 2009. Isto tudo num só dia!
Na prática, o resultado é o mesmo. Não é por umas míseras décimas que ficamos melhor na fotografia e no dia-a-dia. No entanto, a imagem que fica de toda esta trapalhada é de uma total falta de bom senso. Por exemplo, a credibilidade do ministro das finanças começa a desfazer-se em cinza por não assumir com coragem e transparência a realidade. As explicações são pífias e justificam-se apenas pelo período eleitoral que vivemos.
Mas, o dia ainda não acabou e esperam-se mais algumas pérolas oriundas da colónia rebelde da Madeira onde Sócrates se encontra a distribuir Magalhães e, à noitinha, teremos a estocada final com o Jornal Nacional da TVI.
Ah! E falta saber a decisão do poeta...

Agenda do dia

Isto hoje promete!
O Poeta Alegre vai desvendar o seu
futuro político...
O Primeiro Ministro visita a colónia rebelde da
Madeira para distribuir Magalhães...
O mago das finanças (o ministro) vai tornar públicas as novas
projecções para a economia em 2009...
O INE e o Eurostat divulgam também hoje os magníficos dados macroeconómicos do primeiro trimestre referentes aqui ao burgo...
E, ao princípio da noite, temos mais uma sessão de tiro ao boneco com o Jornal da Nacional da TVI.
Há dias assim! Pior só um jogo da Selecção contra o Cazaquistão!

quinta-feira, maio 14, 2009

A Guerra


Nas últimas 9 semanas a RTP fez, semanalmente à quarta-feira, verdadeiro serviço público com a emissão de "A Guerra" em horário nobre.
Ontem, terminou a 2ª série deste fabuloso documentário em que com rigor, isenção e por vezes com uma crueza pouco comum na nossa televisão são relatadas as aventuras e desventuras da Guerra Colonial. Os dois lados apresentam as suas versões e as suas justificações para os diferentes episódios de uma fase da nossa História recente que só agora começa a ser desvendada.
O trabalho de Joaquim Furtado é, a todos os títulos, notável. Pela riqueza das imagens de arquivo, pelo alcance dos depoimentos , pelo enquadramento, pela infografia e pela profundidade dos comentários.
Entre muitas, há duas sequências de imagens que me marcaram fortemente. A primeira tem a ver com as lágrimas sentidas um pai, em pleno Terreiro do Paço, a receber uma condecoração a título póstumo, em nome do filho morto em combate. A outra, bem mais alegre, regista o eterno abraço de dois namorados após a chegada do barco a Alcântara.
Fico à espera da 3ª série!

É só Ciência

Não é preciso ir tão longe, à Malásia, para ver as maravilhas do marketing e do chamado "turismo médico"...
Aconselho uma simples visitinha de estudo a essa verdadeira feira que é o Encontro Nacional de Clínica Geral que, normalmente, ocorre em Vilamoura.
Para além disso, existem por aí muitos eventos "científicos" de renome como o congresso luso-brasileiro disto e daquilo, as jornadas luso-cubanas da treta, o encontro luso-dominicano da água tépida e as célebres conferências luso-moçambicanas do marisco vivo.
É só ciência!

quarta-feira, maio 13, 2009

"Os membros do C.S.M são todos uns filhos da..."

O bastonário Marinho esteve ontem ao seu melhor nível no Jornal da Noite da SIC no comentário ao caso Lopes da Mota.
Chamo especial atenção para a ponta final do video (minuto 6,10).
Comentários para quê? Isto já ultrapassou o patamar do futebol... O Pinto da Costa e o Luís Filipe Vieira já começam a parecer simples aprendizes ao lado dos meretíssimos juízes, dos ilustres advogados e dos superiores magistrados que pululam na nossa (in)Justiça.

terça-feira, maio 12, 2009

Entre o stress dos bancos e a depressão do povo

No mesmo dia em que se soube que os bancos vão fazer testes de stress, Eduardo Catroga -esse génio das finanças - escreveu uma carta ao governo a explicar as receitas para sairmos da crise em 10 anos...
Como parece que andamos no domínio da Parapsicologia, peço ajuda para duas dúvidas hiperbólicas que me afligem.
A primeira tem a ver com o anúncio feito pelo BCP de lucros na ordem dos 106,7 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano. Ora, no momento em que a crise bate forte, o maior banco privado português apresenta lucros chorudos... Ninguém acha isto estranho?
A segunda relaciona-se com esta mania que os antigos governantes têm de mandar "postas de pescada". Quando estão no poder limitam-se a gerir o dia-a-dia, a controlar os estragos e a assumirem uma governação sem rasgos ou alcance de maior. No entanto, quando saem do poder, por milagre, transformam-se em verdadeiros gurus, em pensadores brilhantes e em estrategas geniais. E os media adoram! Passam, então, a figurar na galeria dos notáveis que noite após noite aparecem nas televisões a comentarem o nosso triste devir político e económico. Que obra deixou Catroga para agora aparecer como um salvador da Pátria?
Mas, esclareça-se, não é caso único...

hoş geldiniz*


Cavaco faz muito bem em defender com convicção a entrada da Turquia na União Europeia!
Com a Turquia, a Europa, enquanto entidade política, estende-se para além das suas tradicionais fronteiras geográficas e culturais. A adesão de um país muçulmano laico - apesar de todas as imperfeições, sublinhe-se o laico - poderá dar à União um outro tipo de fôlego e de arrojo que a autêntica camisa de forças que é o eixo franco-alemão tem travado nas últimas décadas.
Este equilíbrio amorfo protagonizado pelos grandes países da Europa tem impedido que a União Europeia se assuma como um bloco económico e político de peso, com uma voz própria e reconhecida no mundo. A Turquia, para além de trazer diversidade à velha Europa, pode ser, simultaneamente, um forte obstáculo ao rolo compressor dos eurocratas de Bruxelas que não descansam enquanto nós, Europeus, formos todos igualzinhos, como são os hamburgers da MacDonalds em Faro, Vilnius ou em Sófia.
Quem tem medo dos extemismos só tem que apoiar e incentivar a democratização e a laicização que este colosso tem protagonizado desde há praticamente um século. A Turquia moderna, de Atatürk é, decerto, um país ainda cheio de contradições e de problemas ao nível dos Direitos Humanos, da protecção das minorias (os curdos são uma questão que vai para além da própria Turquia) ou do papel da mulher na sociedade. Isolar politicamente, economicamente e socialmente a Turquia com argumentos que no fundo têm uma base religiosa primária e xenófoba só contribuirá, a prazo, para criar mais uma bomba relógio às nossas portas.
Quem conhece a Turquia e os Turcos, quem já passou por essa cidade europeia, cosmopolita e cheia de contrastes que é Istambul não pode deixar de apoiar a entrada deste país fantástico na Europa.
Nós, Portugueses, só teríamos a ganhar....

*bem-vindo em turco

segunda-feira, maio 11, 2009

Rankings estúpidos


Com que então, estamos no pelotão da frente dos países mais democráticos do mundo, conjuntamente com mais 48 camaradas! Estes 49 países atingiram a pontuação máxima, 12 pontos. Muito bom!
Conseguimos ficar à frente - imagine-se - desse monumento à democracia que é a Guiné Bissau que, no entanto, integra o segundo pelotão, de 25 países, que conseguiram uns magníficos 9 pontos. Fantástico!
Que belo ranking este em que, num universo de 174 países concorrentes, quase um terço atinge a classificação máxima e mais de 40% apresenta uma posição honrosa ou excelente...
Afinal, ao contrário do que por aí apregoam, o mundo é um lugar seguro.
Porque o que aconteceu ao Nino Vieira não foi um bárbaro assassinato político, mas sim uma demonstração inequívoca da pujança democrática da Guiné-Bissau!
Ditaduras como as da Coreia do Norte, Cuba e Birmânia já estão a observar cuidadosamente o modelo guineense, como exemplo a seguir.
P.s. Não há qualquer referência na notícia do Público sobre a posição da Madeira no referido ranking, mas fonte bem informada disse ao Remexido que a Região Autónoma se encontra bem classificada logo a seguir à Noruega e antes da Finlândia.

Canal Benfica


Soube pelo Canal Benfica que o Futebol Clube do Porto atingiu o "tetra" e que os encarnados lutam desalmadamente por mais um histórico 3º lugar.
Ontem, a vítima dos tripeiros, para além dos clubes da 2ª circular, foi o Nacional da Madeira batido por um golaço de Bruno Alves que, imaginem, foi lançado no Farense...
Parabéns ao Benfica por mais esta alegria! Ainda fui buzinar para o Marquês de Pombal, mas não havia lá ninguém... Ingratos!

sexta-feira, maio 08, 2009

(i) aqui vai a primeira farpa...


Ontem, o Remexido fez aqui um comentário relativamente a esta receita dos jornais portugueses ostentarem, orgulhosos, a publicação exclusiva de conteúdos de grandes publicações mundiais, a propósito do acordo existente entre o "New York Times" e o "i".
Hoje, a primeira grande desilusão. O suplemento "O Melhor do New York Times" (cuja versão online não consegui descobrir), publicado às sextas no novo diário, deixa muito a desejar.
Das duas uma. Ou não tiveram tempo e engenho para apresentarem uma melhor selecção de artigos, ou o famoso acordo de exclusividade só permite a publicação do refugo. O New York Times vale muito mais do aquela amostra pindérica.
Pronto, já deixei a primeira farpa...



Novo vírus H1N230-1


O vírus H1N1 deve ter sofrido uma qualquer mutação ali para os lados de S. Bento. Os primeiros sintomas já se tinham verificado na aprovação do Estatuto dos Açores. Aí o consenso foi quase total, desde o CDS ao Bloco de Esquerda, com a abstenção envergonhada dos deputados PSD. Contudo, a opinião pública e publicada e, sobretudo, o bom senso pareciam dar razão às críticas do Presidente da República. Mesmo assim a teimosia venceu e a Lei foi aprovada com algumas alterações feitas à pressa para remendar erros e incorrecções que a maioria dos 230 deputados, eleitos pelos portugueses para fazerem boas leis, não vislumbraram.
Agora, sucede outro episódio de contaminação colectiva. Mais grave ainda. Das tais 230 alminhas que ali nos representam só houve uma ave rara - António José Seguro - que se opôs a esta mais que desastrosa lei do financiamento partidário. Recorde-se que esta magnífica peça legislativa permite, entre outras coisas, o financiamento em espécie (i.e. dinheiro vivo), por partido, até um limite máximo de 1 milhão e 279 mil euros quando antes se ficava por uns míseros vinte e um mil euros...
No preciso momento em que o país vive a crise sócio-económica que se conhece, quando estamos em pleno período eleitoral com 3 eleições seguidas, quando se discutem leis de combate à corrupção e ao enriquecimento ilícito, aquelas 229 sumidades decidem, por unanimidade do Bloco ao CDS, aprovar um diploma assim...
Como é natural, as reacções de forte crítica aí estão. Vindas de todos os quadrantes só servem para demonstrar o autismo do nosso parlamento (sim autismo, a brigada do politicamente correcto que me processe!).
Agora, espera-se que São Cavaco prescreva Tamiflu a toda aquela gente e, com um salvador e eficaz veto presidencial, consiga repor algum bom senso naquelas cabecinhas.
Depois, queixam-se da má fama do parlamento... Coitadinhos, não sabem o que fazem!

quinta-feira, maio 07, 2009

E a farinha Maizena também...


Enquanto Vital Moreira se demarca, do episódio farináceo, «Basílio Horta agradece apoio de Manuel Pinho na polémica da “papa Maizena”», noticia o Público.
Mas, pelos vistos, não foi só Basílio a fazê-lo...
A avaliar pelo anúncio de página inteira publicado nalguma imprensa de hoje, os gestores de produto da Maizena tiveram uma prenda caída do céu... Com o auxílio dos dislates do nosso ministro da economia, de um momento para o outro, toda a gente começou a falar num produto com mais de 150 anos.
E os seus publicitários não se fizeram rogados... Toca a lançar uma campanha relâmpago na imprensa com o oportuníssimo texto:
"Numa coisa estamos de acordo... Maizena faz mais do que você imagina".
Com políticos assim quem precisa de criativos nas agências de publicidade?
Preparem-se! Ou calam o homem (talvez amordaçar, porque está mais na moda) ou então vem aí mais uma dose de lay-off no sector da publicidade.

(i)nteressante

Saiu hoje para as bancas a primeira edição do diário "i". Após uma leitura rápida, e tendo uma opinião mais assente no "feeling" do que numa apreciação exaustiva e profunda, parece-me que o jornal tem pernas para andar enquanto projecto editorial. Está atraente, bem pensado e com bons conteúdos. Embora, neste último aspecto a prova dos nove só será feita quando entrar em velocidade de cruzeiro. Nestas coisas, o primeiro número é sempre bonito e interessante.
Parece que a receita do velhinho e muito católico ABC espanhol está a fazer escola em Portugal, pois a seguir ao renovado "24 Horas", o "i" também decidiu apostar no caderno agrafado como forma de diferenciar o seu produto. Pessoalmente, prefiro o velho modelo de jornal, preferencialmente em formato broadsheet.
Duas últimas notas.
A primeira tem a ver com os exclusivos internacionais. O "i" apresenta, orgulhoso, o exclusivo dos conteúdos do prestigiado "New York Times". Esta estratégia da imprensa portuguesa adoptar os exclusivos das grandes publicações internacionais como forma de se promover parece-me, por vezes, descabida pois empobrece aquilo que é o núcleo diferenciador dum produto jornalístico: o seu conteúdo. A este propósito, aqui há uns tempos aconteceu-me o seguinte num voo da TAP. Pedi à hospedeira um exemplar da TIME e outro da Visão. E, fantástico, o tema de capa da Visão era - imagine-se - a tradução literal do tema de capa da TIME. Resultado, pus a Visão de lado e preferi ler o original. Se, por exemplo, olharmos para os grandes diários espanhóis, vemos que é muito rara a utilização desta estratégia. Normalmente sucede o inverso. É a imprensa espanhola que vende exclusivos dos seus conteúdos para outros países. Só assim é que se constrói uma imagem diferenciada e competitiva.
A última nota tem a ver com a concorrência. Percebe-se que o "i" quer ir à procura de novos públicos, mas também se pressente que o "Público" será o jornal em que haverá maior sobreposição de potenciais leitores. Vamos ver como o "Público" vai perceber e reagir à dinâmica do mercado.
Por mim, boa sorte para os dois. Porque, nos próximos tempos, lá vou ter que gastar 2 euros diários até tomar uma decisão...

quarta-feira, maio 06, 2009

Os dias da semana, segundo Manuel Alegre

Segundas, quartas e sextas:
"A mim ninguém me obriga a sair do PS!"
Terças, quintas e sábados:
"A mim ninguém me prende no PS!"
Domingo:
Dia de reflexão: o poeta não vai à missa, mas tem o seu momento de introspecção mística.

P.s. Segundo o Público, no próximo dia 15 o poeta deputado vai comunicar à Nação o seu futuro político.

Isto começa a tocar no osso (2)

Depois da Oliva e da Platex (ver este post), chegou a notícia da insolvência da Papelaria Fernandes...
Não vai ficar pedra sobre pedra!

Dois pesos...

Antes de começar este post, deixem-me fazer uma declaração de interesses:
1. Não morro de amores por Vital Moreira, para além do facto de ser parecido com o Avô Cantigas;
2. Não morro de amores pelo Bloco de Esquerda, embora ache piada a algumas das suas diatribes inconsequentes;
3. Acho o PCP uma organização esclerosada e parada no tempo, apesar de reconhecer a sua utilidade no sistema político nacional, como mero partido de protesto;
4. Odeio a extrema-direita racista e xenófoba que por aí vai larvando!
Dito isto, não posso deixar de assinalar a forma benevolente como as agressões e os insultos a Vital Moreira, ocorridos no passado dia 1 de Maio, têm sido tratados na imprensa e na blogoesfera. É certo que se sente um certo mal estar. É mesmo caricata a forma como o PCP e o Bloco de Esquerda têm reagido ao sucedido. O PS faz o seu papel e tenta, de modo primário, capitalizar eleitoralmente o episódio, relembrando Soares e a Marinha Grande em 1986.
A minha questão é, no entanto, outra.
Imaginem que os agressores, em vez de militantes de esquerda, tinham sido alguns desses alarves da extrema-direita que por aí vão pululando... Imaginem que era um skinhead e não um militante do Bloco a insultar e a agredir o Avô Cantigas...
Tínhamos uma algazarra de todo o tamanho!
Assim, como foram a esquerda operária e a esquerda caviar os protagonistas deste acto "imensamente democrático" não há lugar a grandes protestos. A coisa fica-se por uns tímidos pedidos de desculpa tirados a ferro.
É isto que eu nunca percebi. Em matéria de liberdades políticas tudo é permitido à Esquerda. Podem fazer tudo, podem escrever tudo porque estão a exercer a liberdade defendendo ideiais.
Quando o mesmo sucede com a Direita, as amplas liberdades passam a ser interpretadas como atentados ao regime democrático...
É a mesma coisa quando os Direitos Humanos são violados na China ou em Cuba ou quando são violados pelos Estados Unidos ou por uma qualquer ditadura de Direita. Veja-se o caso de Pinochet vs. Fídel. O primeiro era um ditador assassino (e era mesmo!) e o segundo um grande combatente da liberdade...

P.s. A história repete-se! Parece que o Bloco adoptou as tácticas estalinistas de re-escrever a História ao apagar registos fotográficos mais ou menos comprometedores.

terça-feira, maio 05, 2009

E a farinha 33?


Na sequência dos "posts" anteriores, o Remexido vem publicamente protestar contra Manuel Pinho por concorrência desleal quando referiu que Paulo Rangel, «"tem de comer muita papa Maizena para chegar aos calcanhares de Basílio Horta", a propósito da polémica sobre o programa Vasco da Gama».Ok, a farinha Maizena é um produto tradicional que, tal como o vinho tinto de Salazar, alimentou milhões de portuguesas e de portugueses. Mas, o problema é que o ministro que tutela a economia nacional e deve velar pela boa e sã concorrência esqueceu-se de mencionar as não menos célebres Farinha 33 e Farinha Amparo (grande amiga dos automobilistas portugueses).
Isto não é admissível numa figura com a importância e com a estatura intelectual de Manuel Pinho!
Foi também com estas farinhas, e não apenas com a Maizena, que várias gerações ínclitas foram forjadas neste Portugal. Exemplo primeiro, esse génio da economia e da política chamado Basílio Horta.
Portanto, meninos imberbes do PSD, CDS, PCP e Bloco de Esquerda, não se esqueçam de, pela manhãzinha, comerem um bom prato de papa feita com estas farinhas. Só assim poderão almejar o Poder e o consequente Nirvana.
P.s. No Freeport há um espaço que vende a Farinha 33 a preços muito convidativos. O principal cliente é a cantina do Largo do Rato.

segunda-feira, maio 04, 2009

Isto é uma...

Aqui há uns anos o MEC escreveu no saudoso "O Independente" uma prosa arrebatadora com o título, se não estou em erro: "Os nosso pais estão a morrer".
Este texto era dedicado aos pais biológicos, mas também aos mentores e mestres que nos influenciam e marcam profundamente ao longo da vida. O motivo próximo era, então, a morte de Adérito Sedas Nunes, considerado o pai da Sociologia em Portugal.
Infelizmente, não voltei a apanhar este texto, mas cada vez que morre alguém que marcou a minha vida como indivíduo ou numa perspectiva mais geracional, lembro-me do sentido geral com que Miguel Esteves Cardoso pontuou aquele momento de tristeza e de homenagem.
Para a minha geração Vasco Granja, hoje falecido em Cascais, era o sinónimo de desenhos animados. Pode parecer - e talvez seja - uma descrição simplista e redutora, mas ninguém me tira a memória da longa espera pelo seu programa na RTP. Era um mestre na forma como misturava e explicava os desenhos animados do mainstream americano com as produções independentes do ocidente e do leste europeu.
É a segunda notícia do género que tenho.
Soube há muito pouco tempo que faleceu o Professor Amílcar Quaresma. Quem andou no Liceu João de Deus em Faro não se esquece deste Homem que despertou várias gerações para a magia do jornalismo. As suas aulas tinham um imenso fascínio pois conseguia conciliar o humor, a arte de bem comunicar com os princípios de exigência e rigor que devem nortear a actividade jornalística. Para além de tudo isso, era um Cidadão como uma intensa actividade cívica e cultural, sobretudo na sua querida e amada freguesia de Estoi.
Isto é uma merda! Um gajo anda nos 40 e começa a ver partir este pessoal que é uma referência e cuja a existência faz-nos - de modo ilusório - parecer ainda miúdos.

Isto começa a tocar no osso...

A notícia do possível encerramento da Platex e dos problemas graves por que a Fundição Oliva está a passar fizeram-me, de repente, pensar que a crise está a tocar aquilo que há de mais profundo na nossa sociedade. A Oliva e a Platex são duas marcas que fazem parte do nosso imaginário colectivo enquanto povo. Da primeira havia lá por casa uma orgulhosa e ruidosa máquina de escrever. A segunda foi a precursora nacional do hoje tão afamado Pladur. Com o Platex muita barracaria foi feita neste país, mas também muitos cenários para peças de teatro amador.
Quando ouvimos falar nos problemas das Qimondas ou das Yasaki Saltano, pensamos sobretudo nos dramas sociais dos seus trabalhadores mas, nestes casos, há a acrescentar a perda de mais um bocadinho de nós, do nosso imaginário, da nossa memória colectiva.
Sem estas marcas e sem estes produtos que marcaram a Vida Portuguesa e gerações sucessivas nos últimos cinquenta anos, todos ficamos muito mais pobres e perdidos no meio do fascínio estéril da globalização.

P.s. É por estas e por outras que a Vida Portuguesa, projecto comercial inteligente e de bom gosto de Catarina Portas, é uma brisa de ar fresco e um bom tónico social que vai muito além dos inevitáveis revivalismos ou saudosismos sem sentido.