A notícia do possível encerramento da Platex e dos problemas graves por que a Fundição Oliva está a passar fizeram-me, de repente, pensar que a crise está a tocar aquilo que há de mais profundo na nossa sociedade. A Oliva e a Platex são duas marcas que fazem parte do nosso imaginário colectivo enquanto povo. Da primeira havia lá por casa uma orgulhosa e ruidosa máquina de escrever. A segunda foi a precursora nacional do hoje tão afamado Pladur. Com o Platex muita barracaria foi feita neste país, mas também muitos cenários para peças de teatro amador.
Quando ouvimos falar nos problemas das Qimondas ou das Yasaki Saltano, pensamos sobretudo nos dramas sociais dos seus trabalhadores mas, nestes casos, há a acrescentar a perda de mais um bocadinho de nós, do nosso imaginário, da nossa memória colectiva.
Sem estas marcas e sem estes produtos que marcaram a Vida Portuguesa e gerações sucessivas nos últimos cinquenta anos, todos ficamos muito mais pobres e perdidos no meio do fascínio estéril da globalização.
P.s. É por estas e por outras que a Vida Portuguesa, projecto comercial inteligente e de bom gosto de Catarina Portas, é uma brisa de ar fresco e um bom tónico social que vai muito além dos inevitáveis revivalismos ou saudosismos sem sentido.
segunda-feira, maio 04, 2009
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