quinta-feira, maio 07, 2009

(i)nteressante

Saiu hoje para as bancas a primeira edição do diário "i". Após uma leitura rápida, e tendo uma opinião mais assente no "feeling" do que numa apreciação exaustiva e profunda, parece-me que o jornal tem pernas para andar enquanto projecto editorial. Está atraente, bem pensado e com bons conteúdos. Embora, neste último aspecto a prova dos nove só será feita quando entrar em velocidade de cruzeiro. Nestas coisas, o primeiro número é sempre bonito e interessante.
Parece que a receita do velhinho e muito católico ABC espanhol está a fazer escola em Portugal, pois a seguir ao renovado "24 Horas", o "i" também decidiu apostar no caderno agrafado como forma de diferenciar o seu produto. Pessoalmente, prefiro o velho modelo de jornal, preferencialmente em formato broadsheet.
Duas últimas notas.
A primeira tem a ver com os exclusivos internacionais. O "i" apresenta, orgulhoso, o exclusivo dos conteúdos do prestigiado "New York Times". Esta estratégia da imprensa portuguesa adoptar os exclusivos das grandes publicações internacionais como forma de se promover parece-me, por vezes, descabida pois empobrece aquilo que é o núcleo diferenciador dum produto jornalístico: o seu conteúdo. A este propósito, aqui há uns tempos aconteceu-me o seguinte num voo da TAP. Pedi à hospedeira um exemplar da TIME e outro da Visão. E, fantástico, o tema de capa da Visão era - imagine-se - a tradução literal do tema de capa da TIME. Resultado, pus a Visão de lado e preferi ler o original. Se, por exemplo, olharmos para os grandes diários espanhóis, vemos que é muito rara a utilização desta estratégia. Normalmente sucede o inverso. É a imprensa espanhola que vende exclusivos dos seus conteúdos para outros países. Só assim é que se constrói uma imagem diferenciada e competitiva.
A última nota tem a ver com a concorrência. Percebe-se que o "i" quer ir à procura de novos públicos, mas também se pressente que o "Público" será o jornal em que haverá maior sobreposição de potenciais leitores. Vamos ver como o "Público" vai perceber e reagir à dinâmica do mercado.
Por mim, boa sorte para os dois. Porque, nos próximos tempos, lá vou ter que gastar 2 euros diários até tomar uma decisão...

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