Na Blogoesfera anda meio mundo a falar sobre um dos últimos monopólios que existem em Portugal: as farmácias. Monopólio chorudo, pois qualquer mísero trespasse de um estabelecimento deste tipo pode valer centenas de milhares de contos. E não estamos a falar de farmácias localizadas no centro de Lisboa, Porto ou Beja... Em 2003, o Estado Português permitiu que fossem abertas mais 500 farmácias para acrescentar às 2500 existentes. Foi o fim da macacada! Metade dos hospitais portugueses assistiu à debandada dos seus farmacêuticos de carreira. Parecia a corrida ao ouro no Velho Oeste!
É preciso não esquecer que, em Portugal, só os farmacêuticos podem ser proprietários de uma farmácia. É uma lei tão estúpida e corporativa que faz lembrar os bons velhos tempos salazaristas da Lei do Condicionamento Industrial... Imaginem agora que só os pedreiros poderiam ser proprietários de empresas de construção ou que só os mecânicos tinham o direito a ser donos das oficinas ou que as padarias tinham pertencer apenas e exclusivamente aos padeiros...
Por outro lado, a lei garante à partida 20% de margem de comercialização. No entanto, os laboratórios alimentam o sistema ao fazerem campanhas de bonificação que podem chegar aos 50%!!! Como o PVP (Preço de Venda ao Público) dos medicamentos sujeitos a receita médica é definido pelo Ministério da Economia, o doente não ganha nada com estas promoções... Pelo contrário, o sr. Farmacêutico vai arrecadando uma margem cada vez mais gorda e perfeitamente imoral... E, depois ainda há o universo dos OTC's (medicamentos não sujeitos a receita médica) que são um mercado interessante para as farmácias, pois aí as campanhas comerciais são ainda mais agressivas... Contudo o "fillet mignon" está no produtos farmacêuticos de prescrição médica!
Como é que se vendem tantos antibióticos em Portugal? Porque será que a sensacional penetração dos genéricos foi tão incentivada pela poderosa ANF (Associação Nacional de Farmácias)? Porque é que os farmacêuticos através do tenebroso Dr. Cordeiro (dono de um pequeno império em Cascais) entraram em guerra com os médicos (outros rapazes impolutos cá do burgo) pelo domínio da prescrição de medicamentos? Afinal, há que "empurrar" o medicamento que dá as melhores condições comerciais...
E, depois, ainda há o descaramento de se falar no serviço público desempenhado pelo farmacêutico... É uma asneira tão grande como eu dizer que os bancos são instituições de solidariedade. Afinal, também ajudam os pobres a comprar casa...
É comovente...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário