Anda por aí uma corrente muito céptica relativamente ao papel e ao perfil de Mousavi e das intenções dos opositores ao regime vigente no Irão.
Genericamente, ataca-se o candidato verde por ter um passado cúmplice com o sistema e critica-se a oposição por agregar interesses e facções muito diferentes que vão desde os saudosistas dos Pahlavi até a personalidades conservadoras, retrógadas e pouco recomendáveis que, por um motivo ou por outro, terão sido afastadas da clique que governa a República Islâmica.
Mas, há algum processo de mudança, mais ou menos revolucionário ou mais ou menos evolutivo, que não seja assim? Até a própria Revolução de Outubro na Rússia não acabou por recuperar algumas figuras do velho e obsoleto czarismo?
Mas, voltando a tempos mais actuais. Gorbachev era um homem do regime? Sim! De Klerk era um homem do regime? Sim! Raúl Castro é um homem do regime? Sim! Spínola, Costa Gomes e Otelo não foram homens do regime ou que, pelo menos, ganharam notoriedade e prestígio ao seu serviço! Sim!
E, no entanto, nada disso impediu que na União Soviética, na África do Sul, em Portugal e até em Cuba (vamos ver no que vai dar esta pequena abertura encetada pelo mano Castro) não tivessem ocorrido processos de transição ou de revolução no sentido de sistemas mais democráticos.
Quanto às verdadeiras intenções dos integrantes dos movimentos reformistas, basta ver o que se passou em Portugal em 1974. Basta olhar para a composição do primeiro governo provisório ou para a celebração do primeiro 1º de Maio em Lisboa. Estavam lá todos. Unidos e abraçados! Um ano depois, o país encontrava-se à beira de uma guerra civil...
É o devir da História. Ontem em Lisboa, hoje em Teerão.
Enshã'allãh*
* "Deus queira", em Farsi
Em memória de Neda:
segunda-feira, junho 22, 2009
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1 comentário:
Esperemos que sim.
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