Há muita ironia em torno da tragédia do 11 de Setembro. Talvez a mais evidente é que, desde o momento do primeiro embate nas Torres Gémeas, a Al Qaeda e os seus aliados têm batido os americanos aos pontos num terreno onde estes são, por definição, invencíveis: o campo dos media.
A forma como o odioso, mas cada vez mais surpreendente e enigmático, Osama Bin Laden gere as suas aparições e, sobretudo, o seu silêncio demonstram um domínio perfeito dos dispositivos que regem os media ocidentais. Cada declaração que lhe é atribuída, cada imagem - mesmo desfocada - que aparece provoca um impacto mil vezes superior ao produzido pelos estéreis discursos do presidente americano.
Mas, o que é mais interessante no meio de tudo isto, é que o mundo árabe parece ter aprendido bem a lição. Desde Saddam ao seu patético, mas fortemente mediático, ministro da informação Mohammed Saeed al-Sahaf passando pelo misterioso Mullah Omar, assiste-se a uma verdadeira criação de mitos com grande enraizamento e simpatia não só no espaço do Islão como no próprio Ocidente.
Se olharmos para o que sucedeu na I Guerra do Golfo, as diferenças são quase escandalosas. Após a Operação Tempestade no Deserto, a indústria mediática norte-americana criou de imediato 2 heróis: Colin Powell e Schwarzkopf. Agora, com a guerra cada vez mais perdida, ninguém se recorda do nome do general ou generais que lideraram a operação militar. Até aquela encenação exaltante do resgate da soldado americana do hospital iraquiano se transformou num fiasco comprometedor.
A indústria criadora de sonhos e de mitos mais poderosa do mundo sucumbiu perante a argúcia dos extremistas árabes. Exemplo paradigmático de tudo isto foi a forma como a toda omnipotente e arrogante CNN foi humilhada pela surpreendente Al-Jazeera.
Será este mais um sinal dos tempos?
Paz e honra às vítimas do 11 de Setembro!
quinta-feira, setembro 11, 2003
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