Interessante, muito interessante este "Ligações Perigosas" ("State of Play" na versão original).
O filme de Kevin Macdonald conta com mais uma interpretação de luxo de Russell Crowe que protagoniza o papel de um jornalista de investigação tarimbado e algo ultrapassado pelo imediatismo e pela vertigem do presente. Aparentemente, é mais um thriller político a acrescentar aos muitos que Hollywood produz regularmente com tons conspirativos.
Este, contudo, tem um pendor jornalístico que faz lembrar em muito o mítico "Os Homens do Presidente" de Alan J. Pakula sobre o escândalo Watergate. A forma como Washington é filmada, as cenas na redacção do jornal, a inclusão do próprio edifício Watergate no enredo e até o velho Saab de Russel Crowe faz subtilmente lembrar o Volvo 122 de Bob Woodward, protagonizado por Robert Redford no filme de 1976.
A acrescentar a tudo isto, o filme levanta de modo inteligente muitas das interrogações sobre o papel da imprensa e a sua crise face aos blogs e às versões digitais dos jornais que se limitam meramente a relatar de modo repetitivo e redutor a espuma dos dias. Como diz o crítico do Público, Luís Míguel Oliveira, "a graça de "Ligações Perigosas" está na transposição do clássico filme de investigação jornalística para o adverso contexto contemporâneo, quando ninguém tem paciência para ler o produto do extenso trabalho de campo de um jornalista e toda a gente corre para os "blogues" à procura de "opiniões".
A cena final, antes dos créditos, que descreve o processo de impressão de um jornal é perfeita. Sai-se do cinema com vontade de comprar jornais!
Recomenda-se!
terça-feira, junho 23, 2009
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