No seu espantoso Abrupto (não me canso de o repetir), o camarada Pacheco Pereira começa a denotar algum desalento face aos resultados cada vez mais trágicos da aventura iraquiana. Se não vejamos:
"Nota-se, cada dia que passa, um maior esmorecimento na defesa da intervenção no Iraque. É natural, tudo o que podia correr mal, parece correr mal. Não se vêem os resultados esperados, o descrédito que caiu sobre as administrações americana e inglesa por causa das armas de destruição massiva (e por contágio, sobre todos os que, como eu, lhe atribuíram um papel fundamental na legitimação da intervenção) limita a sua acção, é cada vez maior o cansaço e hostilidade da opinião pública, a sensação crescente de um beco sem saída, a hesitação que se nota com a combinação entre o número de mortos e as manobras eleitorais americanas, tudo parece apontar para um falhanço de consequências devastadoras para este início do século".
Mas, não se pense que o homem se rendeu à evidência! Mais à frente o eterno "enfant terrible" do PSD refere que "a única coisa que posso (e podemos) fazer é continuar a discutir e a defender as razões porque é preciso perseverar e não dar sinais de hesitação, ou melhor, não hesitar".
Este é mais um sinal do impasse da divina intervenção americana naquela região.
Quando o Bush já fala em entregar o poder aos iraquianos no mais curto espaço de tempo possível, quando há países que começam a planear a retirada dos seus homens da pátria de Saddam, quando a Casa Branca começa a temer uma derrota eleitoral, quando a anarquia reina temos que chegar a uma óbvia conclusão: o final do primeiro capítulo desta triste rapsódia aproxima-se.
E, quando acordarmos para fazer o balanço desta trapalhada, vamos decerto concordar que, afinal, tudo ficou pior do que estava e que àquela parte do mundo está reservado este trágico destino de viver a ferro e fogo.
E o Irão, ali ao lado, vai esperando calmamente pelo evoluir da situação...
quarta-feira, novembro 19, 2003
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