Parece ser hoje consensual que Ferro Rodrigues se equivocou em toda a linha no papel que assumiu nesta embrulhada da Casa Pia. Esta noite, ao ver a tímida prestação do líder do P.S. na televisão, questionei-me sobre qual poderia ter sido, de facto, o comportamento verdadeiramente correcto de Ferro nestes últimos tempos?
Imaginemos que, em vez de se ter solidarizado activamente e emotivamente com Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues tivesse protagonizado um comportamento menos apaixonado e mais cerebral. Sem críticas ao aparelho judiciário, sem farpas ao sistema mediático e sem a mania das cabalas...
Se tal hipótese tivesse sucedido, hoje os mesmos que o criticam por se ter envolvido demasiado, estariam, por certo, a atacá-lo por ter deixado cair um amigo, por falta de solidariedade humana e política com um camarada seu...
É um facto que o ainda Secretário Geral do PS deu uns valentes tiros nos pés. Uma autêntica rajada! É verdade que houve alturas em que a histeria e a fobia da perseguição dominaram as mentes da liderança socialista, mas vendo as coisas com alguma distância, parece ser legítimo perguntar: Quem não teria agido da mesma forma?
Alguém acredita que Durão Barroso, Paulo Portas, Carlos Carvalhas ou Francisco Loução teriam tido, numa situação idêntica, um desempenho diferente? E Mário Soares? E, até mesmo, o todo desesperante Sampaio?
É este o grande dilema de Ferro Rodrigues... Qualquer que seja a atitude a tomar ela é sempre errada, despropositada e excessiva. É o homem errado no local errado à hora errada.
Entretanto, os chacais e abutres costumeiros aguardam, pacientemente, que o anunciado fim chegue.
Às vezes é preciso ter azar...
terça-feira, novembro 11, 2003
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