Hoje, por acaso, voltei a folhear o lendário livro de Miguel Esteves Cardoso "A Causa das Coisas". Se bem se recordam, o dito livro é o resultado da compilação das fabulosas crónicas publicadas no "Expresso" na excitante década de oitenta.
O livro, a personagem de MEC, os Heróis do Mar, os primeiros tempos de "O Independente", o revolucionário "Blitz" foram o referencial para toda uma geração que teve a veleidade e a ingenuidade de pensar que, afinal, Portugal era possível.
Terá sido um dos poucos momentos em que neste país se sentiu uma certa consciência de geração. Mas, isso são tempos que já lá vão...
Hoje, tal como aconteceu no século XIX com a Geração de Setenta, estamos todos aburguesados, amargos e vencidos pela vidinha que vamos vivendo. E, como então, o país vai-se afundando no pântano da mediocridade.
Estas doutas reflexões resultam, pois, da leitura revista e actualizada de uma das crónicas de MEC sobre a mediocridade. Começa assim:
" Um português só faz o que deve, e só dá o seu melhor desde que todos os outros o façam também. Uma maioria não basta. Só satisfaz a unanimidade. Se assim não acontecer, afere o seu comportamento pelo comportamento dos piores. Em qualquer situação que exija um esforço colectivo, a nivelação individual é invariavelmente feita segundo o esforço mais baixo. É por isso que os resultados são tão rascas".
Lapidar!
P.S. O MEC continua vivinho da Silva em http://www.pastilhas.com. Recomenda-se.
sábado, novembro 01, 2003
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