O sempre irreverente Miguel Sousa Tavares escreve hoje no Público uma longa crónica sobre o mais recente delírio que o inimitável Pedro Santana Lopes reservou para a zona de Alcântara: um projecto imobiliário megalómano com a marca desse autêntico livre-trânsito para o unanimismo bem pensante que é Siza Vieira.
Até mesmo um pobre algarvio como eu, forçadamente emigrado na capital, sente um arrepio na espinha quando ouve falar de um conjunto de três torres de habitação e escritórios com alturas superiores à Ponte 25 de Abril em plena zona ribeirinha. Será mais uma barreira entre a cidade e o rio. Uma barreira que não é apenas física, mas sobretudo social. Nas traseiras das torres, sem vista para o rio, fica o bom povo de Lisboa enquanto que, na frente ribeirinha, com o estuário a seus pés, os remediados terão o usofruto de um dos mais fantásticos cenários naturais que temos por cá.
Antes que seja tarde. Antes que mais um monstro sagrado da cultura portuguesa faça merda, é bom que o povo sereno de Lisboa (incluindo os imigrantes, como eu) se revolte porque, como diz MST:
"Quero antes a calma que agora existe, a vista do Tejo e os seus habitantes de todos os dias: os pescadores de tainhas sujas, os sócios do Atlético Clube de Portugal, os putos patinadores e os pais ciclistas da beira-rio e os velhos bêbados que contam histórias sem nexo nas tascas de Alcântara. Esses são os cidadãos, esses são os lisboetas, essa é a cidadania."
Bem dito!
P.S. Ainda se recordam do outro lunático que queria fazer um elevador panorâmico no Castelo de S. Jorge? Isto é bem pior!
sexta-feira, novembro 28, 2003
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