domingo, novembro 16, 2003

Improvisações

Esta história do envio de soldados da GNR para o Iraque reflecte muito da nossa querida e amada idiossincracia.

Primeiro, foi a escolha peregrina da GNR para evitar o mais que óbvio veto presidencial. Depois, foi toda aquela paródia do equipamento militar. Não tínhamos (e, pelos vistos, ainda não temos) nem armas nem viaturas adequadas para operar no deserto iraquiano. A seguir, foram os sucessivos adiamentos que, por este e por aquele motivo, atrasaram em alguns meses a saída dos nossos heróis. Finalmente, quando tudo parecia estar arrancar, o quartel general dos Carabinieri italianos foi pelos ares...

Mas, apesar de tudo, os valentes homens seguiram num avião da Air Luxor para o Koweit conjuntamente com um grupo de jornalistas destemidos. Tão destemidos que mal entraram no Iraque, sem qualquer protecção militar, foram atacados e um deles sequestrado... E a coisa até poderia ter sido muito mais feia.

O que tudo isto revela é algum amadorismo e muito desenrascanço que pode ser ilustrado pelo seguinte episódio. Na manhã da saída para o Iraque a TSF entrevistou uma das quatro mulheres que integram o contigente e que têm por missão revistar as iraquianas. Quando o repórter lhe perguntou se sabia algumas palavras em árabe, a nossa "bem preparada" soldada respondeu que não. O que é que andaram a fazer durante estes meses? Se nem um mísero e mais que óbvio "Salãm Aleikom" sabem pronunciar...

Durão parece que não se apercebeu como toda esta palhaçada, que começou com a triste Cimeira dos Açores, pode vir a ter um preço muito caro na sua carreira política... A prova que não entendeu mesmo nada, é que colocou a responsabilidade da organização de uma missão tão sensível como esta nas mãos do mesmo incompetente que esteve à frente do combate aos incêndios do Verão.

Aproximam-se tempos muito complicados!

Sem comentários: