Depois de todo o folclore que rodeou os episódios das viagens turísticas de helicóptero e das cunhas ministeriais o que fica, afinal, é uma sensação de algum vazio. Se é um facto que estes casos revelam muito da nossa natureza colectiva pelo "chico espertismo" que evidenciam, o que é certo é que, cada vez mais, se sente que falta a este país uma discussão de fundo sobre o nosso futuro e sobre o nosso lugar no mundo.
Todos nós (blogoesfera incluidissíma) caimos na armadilha mediática de comentar fait-divers mais ou menos caricatos, mais ou menos sérios ou mais ou menos indecorosos... Mas onde é que estão as questões que realmente interessam?
Quando é que foi que este país fez uma reflexão colectiva sobre o seu ser? Há quanto tempo não questionamos o rumo estupidificante que estamos a trilhar? Mais déficit menos déficit, mais pedófilos famosos menos pedófilos famosos, mais ministros menos ministros... É um ritual estupidificante a que nos rendemos sem qualquer resistência.
Provavelmente, num futuro próximo, seremos obrigados a pronunciarmo-nos sobre a Constituição Europeia. Alguém está preparado para o fazer? Ou vamos, tal cordeirinhos, seguir os mandamentos dos directórios partidários. Se pertencemos à esquerda caviar ou estalinista, vamos para a rua protestar e votamos Nâo. Se temos mais queda pela mandriona esquerda do sistema, vamos votar Sim e sublinhamos a nossa veia europeísta. Se estamos próximo da actual maioria, vamos fazer o que o duo Durão-Paulinho das Feiras nos indicar, i.e, votar Sim.
Mas será que tudo vai ser assim tão previsível?
E se, como tudo indica, os desinteressados portugueses ficarem em casa ou nos centros comerciais em vez de votarem no Referendo?
Será mais uma oportunidade perdida para discutirmos o nosso futuro? Ou será a derradeira pedrada no charco?
No primeiro dia após a segunda tomada de posse de Trump
Há 38 minutos
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