Àcunha, em alguns dialectos de Moçambique, significa Branco ou Português.
Aquela gente é mesmo sábia, pois não há termo que melhor nos defina...
A cunha é uma verdadeira instituição nacional que se pratica e reproduz no quotidiano de todo o bom cidadão luso. Seja ele ministro ou porteiro, há sempre uma oportunidade para se pedir uma ou para se conceder outra.
Foi o que fizeram os distintíssimos ministros do Ensino Superior e dos Negócios Estrangeiros. O primeiro, num verdadeiro acto de solidariedade interministerial, despachou positivamente o ingresso no curso de medicina da Universidade Nova da filha do segundo. Não é comovente?
É que a coitada da rapariga, afinal, seria prejudicada pelo facto do pai ter sido nomeado ministro e ter, por isso, abandonado a brilhante carreira de diplomata que lhe garantíria o ingresso facilitado no ensino superior. Coitada, era uma necessitada! E por isso das Necessidades saiu um lancinante apelo de ajuda para o colega Lynce. E este, ao abrigo de uma lei qualquer, "arranjou" uns argumentos e providenciou que uma das preciosas vagas do curso de medicina fosse ocupada pela filha do ministro.
Segundo a SIC, que denunciou esta noite o caso, a lei dispensa os estudantes que sejam filhos de diplomatas deslocados no estrangeiro das provas de acesso, não havendo igualmente nota mínima necessária para a candidatura. Maravilha!
Só que há um pequeno pormenor. A infeliz rapariga vive em Portugal desde Abril de 2002 e terminou o 12º ano por cá... Logo, teria que se comportar como um qualquer e simples mortal!
Os moçambicanos estão carregados de razão Àcunha é, mesmo, o nosso melhor epíteto.
quinta-feira, outubro 02, 2003
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