terça-feira, abril 07, 2009

A luta de classes na versão genérica

Os conflitos entre médicos e farmacêuticos são parecidos à luta eterna entre empregados de mesa e cozinheiros... A culpa é sempre do outro! Cá para mim, isto não passa de uma zanga de comadres manhosas que não querem perder o seu tachito.
Os médicos são doutores e gostam muito de viagens e congressos. Percebem de medicamentos, de farmacocinética e de bioequivalências como eu percebo de energia atómica. Por outro lado, os farmacêuticos estão tão preocupados com os doentes como eu estou interessado no futuro político da Sarah Palin...
O que move as farmácias portuguesas, lideradas por esse autêntico D. Quixote que é o Dr. Cordeiro, são os lucros fabulosos obtidos com os genéricos.
Qualquer companhia que comercialize genéricos, o que faz é promovê-los junto das farmácias porque é aí que tudo se joga, não é no consultório do médico. Deste modo, o fenómeno do chamado "turismo médico" está a reconverter-se em "turismo farmacêutico". Depois, os bónus e descontos comerciais, que são oferecidos nas farmácias pelos laboratórios de genéricos, resultam em margens gordas para aquelas e que nunca, mas nunca são transferidas para o bolso dos seus utentes. Simplesmente porque os preços são tabelados oficialmente. O que o doente, de facto, ganha é no preço mais económico e numa taxa de comparticipação mais apelativa. Finalmente, e porque a falta de decoro não termina aqui, a própria ANF prepara-se para avançar com a sua própria companhia de genéricos.
Deste modo, a verticalização ficará completa: fabrico de medicamentos (com a referida companhia de genéricos), distribuição de medicamentos (maioria do capital na maior empresa de distribuição de medimentos, Alliance Unichem), e as quase três mil farmácias que operam em Portugal em forma de monopólio.
Sim, porque no nosso rico país só um farmacêutico é que pode ter uma farmácia e esta tem que ter um mínimo de capitação, o que lhe garante automaticamente uma fatia de mercado certinha e pouca ou nenhuma concorrência. É por isso que ter um alvará é sinal de um grande conforto financeiro para toda a vida.
Haverá por aí alguma farmacêutica com um alvará (só com esta condição) que esteja casadoira?

1 comentário:

Marta Bandarra disse...

Parabéns!

Excelente resumo :)