quarta-feira, dezembro 31, 2003

Bam e a solidariedade portuguesa

A incontornável AMI - que faz mais pelo nome de Portugal no mundo do que mil acordos de cooperação assinados pelos nossos governos - já tem em marcha uma missão de auxílio à martirizada população de Bam, no Irão.

Para que esta acção tenha sucesso a AMI necessita de 100.000 Euros. Os donativos podem ser efectuados mediante transferência para:

Conta de emergência
BES 000700150040000000672
Ou ainda via Multibanco:
Referência N.º 20 909 909 909 909


É uma excelente forma de começar o ano novo e o Professor Akbar e os seus conterrâneos agradecem... BOM ANO!

P.S. por favor, confirmem estes dados no site da AMI

segunda-feira, dezembro 29, 2003

Um pensamento para Bam

Proprietário de uma tranquila Guest House com um jardim cheio de palmeiras verdejantes, o professor Akbar é um iraniano culto e orgulhoso da história do seu país. Convivi com ele nos poucos dias que fiquei na cidade histórica de Bam - um ponto estratégico na lendária Rota da Seda a caminho do Paquistão e do Afeganistão.

Quando, na passada sexta-feira, ouvi as primeiras notícias do trágico terramoto que assolou esta cidade acolhedora, nascida - como todas as urbes iranianas - junto a um fértil oásis, lembrei-me de imediato do professor Akbar. Professor porque ensinava inglês na escola. Professor porque era um prazer ouvi-lo a dissertar sobre os males do mundo com aquela sabedoria tipicamente persa. Professor porque conseguia desmontar com elegância e bom senso os argumentos racionalistas e maniqueístas de um ocidental para quem tudo é, quase sempre, ou preto ou branco.

Aqueles fins de tarde em que o professor Akbar fazia questão em partilhar um saboroso chá à sombra das suas palmeiras - regadas com a água comunitária que corre permanentemente nos canais que ladeiam as ruas iranianas - são momentos que dificilmente esquecerei.

Espero, professor Akbar, que esteja bem e que Arg-é Bam, a linda cidadela de adobe cujas as origens remontam ao ano 200 da era cristã, se volte a erguer orgulhosa e majestosa como sempre foi!

quinta-feira, dezembro 18, 2003

A culpa é nossa...

Os telejornais de hoje mostraram mais umas pérolas da nossa vida parlamentar. No rotineiro debate mensal na Assembleia da República, registaram-se umas trocas de berros sobre o recorrente tema do aborto entre a oposição que não temos e o governo que um dia haveremos de ter.

Foi tudo tão básico,tão pobrezinho, tão destituído de ideias, tão próximo do grau zero da inteligência que deixa qualquer um a pensar na merda que temos feito ao votar nestes gajos de quatro em quatro anos...

segunda-feira, dezembro 15, 2003

Mistérios da Política Internacional

Então não é que o domingo estava a correr de feição com um céu imensamente azul e um sol reconfortante quando chega a surpreendente notícia... Os americanos apanharam o Saddam!

Para mim não foi propriamente como um golo do Benfica ou do Farense, mas - dizem os entendidos - foi uma boa notícia para o Mundo Ocidental. Mundo Ocidental? Ok, devem estar a falar de nós. Afinal somos nós que estamos no Ocidente. Aliás, Algarve, em árabe, quer dizer "O Ocidente". Sim, devem estar mesmo a falar de nós, algarvios.

Mas porque diabo foi o Bush prender o Saddam por causa de um punhado de algarvios? Tanto trabalho, tanta canseira por alma de quem? De nós? Estranho???

O que é certo é que, de um momento para o outro, apareceram logo os comentadores nas tv's... E em Portugal há tantos... Mais do que algarvios! E sabem tanto sobre tudo... Desde os incêndios à Constituição Europeia, passando pela defesa do Benfica. São verdadeiras enciclopédias ambulantes estes homens.

É por isso que eu acho que esta coisa da prisão do barbudo de Bagdad tem água debaixo do bico. Cá para mim, isto foi coisa para dar emprego a essa corja de sabujos que todas as noites nos entram pelos ecrãs. E depois dizem que foi por causa dos algarvios... Os mouros nunca foram ouvidos nem achados para nada!!!

Eh pá! Espera aí! O Saddam é mouro... Haverá alguma ligação entre o Saddam e o Algarve???

P.S. O Farense e o Benfica ganharam! Alá é Grande!

sábado, dezembro 13, 2003

Lixo televisivo

O Expresso deste fim de semana publica uma noticia interessante na sua primeira página. Em Itália, cerca de 400 mil italianos irão efectuar uma greve contra o telelixo. O protesto assenta em descontos que museus, teatros, cinemas, livrarias, bares e restaurantes irão fazer a todas as pessoas que levarem consigo um telecomando...

Os mais radicais, isto é aqueles que se apresentarem com a própria televisão, terão direito a entrada livre!

Genial!!! Não se pode repetir a ideia aqui no burgo?

quinta-feira, dezembro 11, 2003

As Universidades Privadas...

Em Portugal, as universidades privadas tendem a parecer-se com as mafias italianas.

Depois do escândalo que rodeou a Universidade Moderna eis que, pela mão da Visão, rebenta agora uma bronca de favorecimentos a outra instituição universitária privada: a Universidade Lusíada.

Não consigo perceber muito bem as razões para tal fenómeno, mas o que é certo é que este tipo de instituições de ensino parecem atrair todo o tipo de interesses menos claros, grupos de pressão e lobbys diversos. Outro ponto comum é a sua veia democrática. Normalmente todos os partidos institucionais têm forte representação nas cúpulas destas organizações.

Mais uma idiossincrasia portuguesa!

P.S. Quem paga com isto são os alunos e as pobres famílias que os suportam.

terça-feira, dezembro 09, 2003

Depressão

Haverá vida depois de um fim de semana prolongado?

sexta-feira, dezembro 05, 2003

O ministro pateta

O Ministério da Administração Interna deve ter sido alvo de algum mau olhado.

Em tempos idos por lá passou o trapalhão Fernando Gomes. Agora assentou arraiais o ministro Figueiredo Lopes, talvez a ave mais rara deste governo improvável. Este homem consegue atrair em seu redor todo o tipo de confusão. Desde os incêndios aos rocambolescos episódios da Protecção Cívil, passando pela saga do envio de militares da GNR para o Iraque terminando, agora, com as sucessivas demissões na BT da GNR, tudo tem acontecido a este verdadeiro "allien" da política que, por obra do acaso, foi parar ao governo de Portugal.

Não seria melhor enviar o senhor para uma missão patriótica no Iraque? O país, emocionado, agradecia...

quarta-feira, dezembro 03, 2003

O Remexido enganou-se

Em Setembro passado lancei umas farpas sobre o marasmo que então se sentia na programação da TSF. A este propósito, sou agora obrigado a fazer um mea culpa, pois o resultado da reestruturação empreendida pelo sempre polémico Emídio Rangel tem alguns aspectos a reter.

Para além do regresso dos notáveis "Sinais" de Fernando Alves e de um certo dinamismo "muito TSF" transmitido às manhãs noticiosas, destaca-se o fabuloso quinteto que, diariamente às 8h30m, apresenta algumas das melhores pérolas do humor radiofónico português. António Feio, Maria Rueff, José Pedro Gomes, Joaquim Monchique e Ana Bola voltaram a fazer rir o bom povo que, matinalmente, enfrenta a batalha infernal do trânsito.

Indispensável para manter a mente sã!!!

segunda-feira, dezembro 01, 2003

Azar ter sido colonizado pelos "tugas"

O "Expresso" deste sábado afirma que, segundo um estudo do Banco Mundial, o português é a segunda língua menos falada em Timor-Leste...

A referida notícia chama a atenção para a forma amadora e patética como o português é ali ensinado. Sem meios, sem motivação, sem alma, com algum voluntarismo estéril e, sobretudo, com a desorganização costumeira nas iniciativas lusas.

Aquele que poderia ter sido um projecto único na nossa História recente, ameaça transformar-se em mais um fiasco nacional. Mais um triste episódio na trágica "descolonização exemplar" que marca a segunda metade do Século XX português. Aves raras com uma capacidade intelectual insuperável como o Dr. Salazar ou esse génio chamado Vasco Gonçalves arrastaram para a tragédia uns milhões de pessoas que tiveram o azar de terem sido colonizadas pelos "tugas".

Esperemos que em Timor ainda possamos corrigir os erros de um passado recente. A responsabilidade histórica por aquilo que (não) fizémos em África e em Timor não pode ser esquecida. Nunca! Isto se quisermos ter alguma vergonha na cara!

sexta-feira, novembro 28, 2003

A merda unânime

O sempre irreverente Miguel Sousa Tavares escreve hoje no Público uma longa crónica sobre o mais recente delírio que o inimitável Pedro Santana Lopes reservou para a zona de Alcântara: um projecto imobiliário megalómano com a marca desse autêntico livre-trânsito para o unanimismo bem pensante que é Siza Vieira.

Até mesmo um pobre algarvio como eu, forçadamente emigrado na capital, sente um arrepio na espinha quando ouve falar de um conjunto de três torres de habitação e escritórios com alturas superiores à Ponte 25 de Abril em plena zona ribeirinha. Será mais uma barreira entre a cidade e o rio. Uma barreira que não é apenas física, mas sobretudo social. Nas traseiras das torres, sem vista para o rio, fica o bom povo de Lisboa enquanto que, na frente ribeirinha, com o estuário a seus pés, os remediados terão o usofruto de um dos mais fantásticos cenários naturais que temos por cá.

Antes que seja tarde. Antes que mais um monstro sagrado da cultura portuguesa faça merda, é bom que o povo sereno de Lisboa (incluindo os imigrantes, como eu) se revolte porque, como diz MST:

"Quero antes a calma que agora existe, a vista do Tejo e os seus habitantes de todos os dias: os pescadores de tainhas sujas, os sócios do Atlético Clube de Portugal, os putos patinadores e os pais ciclistas da beira-rio e os velhos bêbados que contam histórias sem nexo nas tascas de Alcântara. Esses são os cidadãos, esses são os lisboetas, essa é a cidadania."

Bem dito!

P.S. Ainda se recordam do outro lunático que queria fazer um elevador panorâmico no Castelo de S. Jorge? Isto é bem pior!

quarta-feira, novembro 26, 2003

A regata...

E os espanhóis lá ganharam a Taça da América...

É certo que em Portugal temos todos a mania das vitórias morais, mas desta vez é justo elogiar quem se empenhou por um projecto com pés e cabeça.

Parabéns aos vencidos!!!

sexta-feira, novembro 21, 2003

Dúvidas metódicas & conflitos de interesses

Há aí um moço que, até há pouco tempo, foi simultaneamente vice-presidente do Infarmed (Instituto da Farmácia e do Medicamento), proprietário de uma farmácia e director-geral da Codifar (uma das maiores cooperativas de distribuição de medicamentos aqui no burgo e um dos braços tentaculares da toda poderosa ANF - Associação Nacional de Farmácias)...
Conflito de interesses? Permeabilidade ao lobby das farmácias? Não! Isso é coisa que não passou pela cabeça de ninguém.

Só mais de um ano após ter sido nomeado para o cargo de vice-presidente do mais importante organismo regulador no sector da Saúde em Portugal, é que o IGAP - Inspecção Geral da Administração Pública "obrigou" o senhor a dimitir-se.

Parece que no Ministério da Saúde ainda há algumas dúvidas quanto à legitimidade das conclusões do parecer do IGAP... Tenham dó!!!

quinta-feira, novembro 20, 2003

A desconstrução

Que os portugueses têm queda para a construção cívil já todos sabemos... Feitos como a ponte de Entre-os-Rios, o túnel do Terreiro do Paço, a ponte pedonal do IC-19, os traçados do IP-5 e do IP-3 demonstram as qualidades dos nossos projectos e a competência dos técnicos nacionais.

A grande novidade dos últimos tempos foi a especialização nos trabalhos executados em estádios de futebol. Em pouco menos de dois anos construímos dez. É obra!

Mas o que é realmente surpreendente é que, em poucos minutos, um grupo de jovens tenha destruído os balneários de um estádio francês... É mais um nicho de mercado a explorar no mercado externo.

Estejam atentos aos nossos rapazes!

quarta-feira, novembro 19, 2003

As dúvidas de Pacheco

No seu espantoso Abrupto (não me canso de o repetir), o camarada Pacheco Pereira começa a denotar algum desalento face aos resultados cada vez mais trágicos da aventura iraquiana. Se não vejamos:

"Nota-se, cada dia que passa, um maior esmorecimento na defesa da intervenção no Iraque. É natural, tudo o que podia correr mal, parece correr mal. Não se vêem os resultados esperados, o descrédito que caiu sobre as administrações americana e inglesa por causa das armas de destruição massiva (e por contágio, sobre todos os que, como eu, lhe atribuíram um papel fundamental na legitimação da intervenção) limita a sua acção, é cada vez maior o cansaço e hostilidade da opinião pública, a sensação crescente de um beco sem saída, a hesitação que se nota com a combinação entre o número de mortos e as manobras eleitorais americanas, tudo parece apontar para um falhanço de consequências devastadoras para este início do século".

Mas, não se pense que o homem se rendeu à evidência! Mais à frente o eterno "enfant terrible" do PSD refere que "a única coisa que posso (e podemos) fazer é continuar a discutir e a defender as razões porque é preciso perseverar e não dar sinais de hesitação, ou melhor, não hesitar".

Este é mais um sinal do impasse da divina intervenção americana naquela região.

Quando o Bush já fala em entregar o poder aos iraquianos no mais curto espaço de tempo possível, quando há países que começam a planear a retirada dos seus homens da pátria de Saddam, quando a Casa Branca começa a temer uma derrota eleitoral, quando a anarquia reina temos que chegar a uma óbvia conclusão: o final do primeiro capítulo desta triste rapsódia aproxima-se.

E, quando acordarmos para fazer o balanço desta trapalhada, vamos decerto concordar que, afinal, tudo ficou pior do que estava e que àquela parte do mundo está reservado este trágico destino de viver a ferro e fogo.

E o Irão, ali ao lado, vai esperando calmamente pelo evoluir da situação...

terça-feira, novembro 18, 2003

Improvisações II

Agora os altos comandos da GNR descobriram que, afinal, os jornalistas são um problema logístico complicado... Isto, depois de os terem metido no mesmo avião em que seguiu o afamado Subagrupamento Alfa e de os terem transportado até Nassíria.

Com a excepção de quatro felizardos, a quem estará garantida protecção militar, todos os restantes ficarão por sua conta e risco numa situação que só tendência para piorar.

Do ponto de vista organizativo é uma decisão compreensível e bastante racional. O que não se consegue entender muito bem é o momento e o local escolhidos para a publicitar: ontem, em pleno teatro de guerra...

Isto é: primeiro leva-se uma horda de repórteres para garantir a propaganda oficial e depois, para evitar que algumas misérias comecem a aparecer quotidianamente nos ecrãs, mandam-se os tipos de volta à proveniência. Esperteza saloia!

Tudo isto faz lembrar o triste destino do Corpo Expedicionário Português na Primeira Grande Guerra.

Oxalá esteja errado!!!

domingo, novembro 16, 2003

Improvisações

Esta história do envio de soldados da GNR para o Iraque reflecte muito da nossa querida e amada idiossincracia.

Primeiro, foi a escolha peregrina da GNR para evitar o mais que óbvio veto presidencial. Depois, foi toda aquela paródia do equipamento militar. Não tínhamos (e, pelos vistos, ainda não temos) nem armas nem viaturas adequadas para operar no deserto iraquiano. A seguir, foram os sucessivos adiamentos que, por este e por aquele motivo, atrasaram em alguns meses a saída dos nossos heróis. Finalmente, quando tudo parecia estar arrancar, o quartel general dos Carabinieri italianos foi pelos ares...

Mas, apesar de tudo, os valentes homens seguiram num avião da Air Luxor para o Koweit conjuntamente com um grupo de jornalistas destemidos. Tão destemidos que mal entraram no Iraque, sem qualquer protecção militar, foram atacados e um deles sequestrado... E a coisa até poderia ter sido muito mais feia.

O que tudo isto revela é algum amadorismo e muito desenrascanço que pode ser ilustrado pelo seguinte episódio. Na manhã da saída para o Iraque a TSF entrevistou uma das quatro mulheres que integram o contigente e que têm por missão revistar as iraquianas. Quando o repórter lhe perguntou se sabia algumas palavras em árabe, a nossa "bem preparada" soldada respondeu que não. O que é que andaram a fazer durante estes meses? Se nem um mísero e mais que óbvio "Salãm Aleikom" sabem pronunciar...

Durão parece que não se apercebeu como toda esta palhaçada, que começou com a triste Cimeira dos Açores, pode vir a ter um preço muito caro na sua carreira política... A prova que não entendeu mesmo nada, é que colocou a responsabilidade da organização de uma missão tão sensível como esta nas mãos do mesmo incompetente que esteve à frente do combate aos incêndios do Verão.

Aproximam-se tempos muito complicados!

quarta-feira, novembro 12, 2003

O General no seu labirinto

"O general (...) foi abalado pela revelação deslumbrante de que a louca corrida entre os seus males e os seus sonhos chegava naquele instante à meta final. O resto eram as trevas.
- Raios - suspirou - Como vou sair deste labirinto!?"

Em "O General e o seu labirinto" de Gabriel Garcia Márquez.

terça-feira, novembro 11, 2003

O dilema...

Parece ser hoje consensual que Ferro Rodrigues se equivocou em toda a linha no papel que assumiu nesta embrulhada da Casa Pia. Esta noite, ao ver a tímida prestação do líder do P.S. na televisão, questionei-me sobre qual poderia ter sido, de facto, o comportamento verdadeiramente correcto de Ferro nestes últimos tempos?

Imaginemos que, em vez de se ter solidarizado activamente e emotivamente com Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues tivesse protagonizado um comportamento menos apaixonado e mais cerebral. Sem críticas ao aparelho judiciário, sem farpas ao sistema mediático e sem a mania das cabalas...

Se tal hipótese tivesse sucedido, hoje os mesmos que o criticam por se ter envolvido demasiado, estariam, por certo, a atacá-lo por ter deixado cair um amigo, por falta de solidariedade humana e política com um camarada seu...

É um facto que o ainda Secretário Geral do PS deu uns valentes tiros nos pés. Uma autêntica rajada! É verdade que houve alturas em que a histeria e a fobia da perseguição dominaram as mentes da liderança socialista, mas vendo as coisas com alguma distância, parece ser legítimo perguntar: Quem não teria agido da mesma forma?

Alguém acredita que Durão Barroso, Paulo Portas, Carlos Carvalhas ou Francisco Loução teriam tido, numa situação idêntica, um desempenho diferente? E Mário Soares? E, até mesmo, o todo desesperante Sampaio?

É este o grande dilema de Ferro Rodrigues... Qualquer que seja a atitude a tomar ela é sempre errada, despropositada e excessiva. É o homem errado no local errado à hora errada.

Entretanto, os chacais e abutres costumeiros aguardam, pacientemente, que o anunciado fim chegue.

Às vezes é preciso ter azar...

segunda-feira, novembro 10, 2003

O progresso chegou...

Que rico país este...
10 estádios de futebol novinhos,
4 linhas de TGV,
milhares de hectares ardidos,
uma dezena de vip's no chilindró e
uma carrada de comentadores na TV
...Eis o Portugal moderno.

quinta-feira, novembro 06, 2003

O Homem acordou...

Finalmente houve alguém que teve a coragem de dizer aos "nuestros hermanos" algumas verdades sobre as relações luso-espanholas.

E a surpresa é dupla! Primeiro porque este alerta veio de um político e, segundo, porque esse político se chama Jorge Sampaio. É verdade! O nosso amado e estimado P.R. saiu da casca e foi à capital do Império de Castela reclamar contra o proteccionismo espanhol.

Segundo o "Público" o destemido inquilino de Belém terá afirmado que "ao contrário do que ocorre em Portugal, onde diversas empresas espanholas têm acedido com sucesso a relevantes concursos públicos, designadamente no quadro de realização de grandes infra-estruturas, surpreende-me que nenhum contrato significativo tenha sido obtido por empresas portuguesas, em igual sector, apesar do extenso número de candidaturas e da sua reconhecida qualidade e solidez de oferta".

Não é caso para cairmos em nacionalismos bacocos e anti-espanholismos primários, mas num tempo em que temos engolido muitos sapos, é bom elogiar a clareza das palavras do Presidente.

Pena é que, noutras matérias, Sua Excelência não assuma este saudável comportamento...

segunda-feira, novembro 03, 2003

Nostalgia de Goa

" De português sobram as velhas igrejas quinhentistas, os nomes improváveis das ruas e pessoas, uma língua moribunda, os passeios de calçada em ruínas e a nostalgia do império. Goa é um pedaço de nós à deriva num país-continente. Ou então, os campos de arroz e coqueirais até perder de vista, o perfume das papaieiras, o calor húmido do Índico e a epifania do céu"

É deste modo que Tiago Salazar começa mais um fabuloso artigo desse autêntico objecto de culto de nome "Blue Travel" (edição de Novembro). É um olhar fascinado sobre uma terra improvável. Goa é um sítio que desperta em qualquer simples mortal um fascínio sem fim. Azul e penetrante como o Índico. Intenso como as monções.

Goa, como Moçambique, são lugares abençoados onde conseguimos encontrar o melhor de nós. Aquilo que, por muito que tentemos, nunca conseguimos ser enquanto estamos por cá.

E, para perceber como Goa é diferente de tudo o que existe no mundo, não há melhor receita do que lá chegar vindo da outra Índia. A sempre enigmática e surpreendente Índia. Só nesse momento, chegados de Bombaim, se entende a singularidade e magia da "nossa" Índia.

P.S. Recomendam-se, entre muitos, dois livros: "Um Estranho em Goa" de José Eduardo Agualusa e o extraordinário "Goa, a história de um encontro" de Catarina Portas e Inês Gonçalves.

As bodas...

Este fim de semana trouxe-nos muitas notícias excitantes.

Na mesma altura em que a Casa Real Espanhola anunciava oficialmente que o Príncipe das Astúrias vai casar, a primeira página do vetusto "Expresso" tornava público outro caso amoroso: a toda colunável Cinha Jardim terá acompanhado Paulo Portas numa viagem privada aos Estados Unidos.

Agora, a vasta Ibéria está finalmente em paz...

sábado, novembro 01, 2003

A mediocridade, por MEC

Hoje, por acaso, voltei a folhear o lendário livro de Miguel Esteves Cardoso "A Causa das Coisas". Se bem se recordam, o dito livro é o resultado da compilação das fabulosas crónicas publicadas no "Expresso" na excitante década de oitenta.

O livro, a personagem de MEC, os Heróis do Mar, os primeiros tempos de "O Independente", o revolucionário "Blitz" foram o referencial para toda uma geração que teve a veleidade e a ingenuidade de pensar que, afinal, Portugal era possível.

Terá sido um dos poucos momentos em que neste país se sentiu uma certa consciência de geração. Mas, isso são tempos que já lá vão...

Hoje, tal como aconteceu no século XIX com a Geração de Setenta, estamos todos aburguesados, amargos e vencidos pela vidinha que vamos vivendo. E, como então, o país vai-se afundando no pântano da mediocridade.

Estas doutas reflexões resultam, pois, da leitura revista e actualizada de uma das crónicas de MEC sobre a mediocridade. Começa assim:

" Um português só faz o que deve, e só dá o seu melhor desde que todos os outros o façam também. Uma maioria não basta. Só satisfaz a unanimidade. Se assim não acontecer, afere o seu comportamento pelo comportamento dos piores. Em qualquer situação que exija um esforço colectivo, a nivelação individual é invariavelmente feita segundo o esforço mais baixo. É por isso que os resultados são tão rascas".

Lapidar!

P.S. O MEC continua vivinho da Silva em http://www.pastilhas.com. Recomenda-se.

quinta-feira, outubro 30, 2003

O vazio...

Que este era um país sem Oposição já todos tínhamos percebido... Agora, parece que nem Governo temos.

Depois do episódio da Cunha, temos quase metade do governo em conflito aberto. O ministro da Agricultura quer ficar com as Áreas Protegidas que são, até hoje, um pelouro do seu colega do Ambiente. Este, por sua vez, acusa aquele de estar a ceder a interesses obscuros... O ministro da Saúde afirma publicamente que a ministra das Finanças vai reforçar o capital dos hospitais empresarializados para que estes paguem a sua dívida galopante, o que é negado veementemente por Manuela Ferreira Leite.

Entendam-se!

Sem Governo, sem Oposição, sem Tribunais e com um Presidente faz-de-conta, Portugal encontra-se em plena auto-gestão. Até parece que estamos nos gloriosos tempos do PREC...

terça-feira, outubro 28, 2003

Palavras sábias...

Catalina Pestana, por detrás daquele ar de avózinha simpática, sempre me transmitiu alguma desconfiança pelo ar quixotesco que apresenta perante os media. E, reconheçamos, que desde o início desta telenovela (Presidente dixit) a Provedora da Casa Pia tem tido a Comunicação Social do seu lado. Talvez será por isso que esta senhora, de ar respeitável, sofre do vírus do mediatismo que tem atingido quase toda a gente envolvida neste processo.

Contudo, esta noite as declarações de Catalina Pestana são um alerta oportuno e muito pertinente. Porque no meio de tanto ruido parece que já todos se esqueceram que a pedofilia é um crime odioso, que há vítimas menores, cujo o azar foi terem sido acolhidas em má hora por uma instituição do Estado.

Quando se fala tanto nos direitos dos arguidos, é bom que se recentre a atenção sobre quem, afinal, foi violentado...

Por isso, estas terão sido palavras sábias e, sobretudo, incómodas para quem desesperadamente aposta no branqueamento deste crime e o quer reduzir à mera condição de um reles combate político.

domingo, outubro 26, 2003

Notas sobre um país que não pára...

1. Na mesma semana em que o novo Estádio da Luz foi inaugurado com toda a pompa e circunstância, os mais altos dignatários da Nação falharam outra inauguração de grande relevo para o destino de milhares de portugueses. As ultra-modernas e radicais instalações da Urgência do Hospital de Torres Vedras...
Seguindo as mais recentes inovações nesta área, o nosso Ministério da Saúde, montou um conjunto de tendas de campanha que assegurarão as urgências do referido hospital enquanto decorrerem as obras de beneficiação nas instalações antigas. Contam os utentes que a experiência é inesquecível... Aconselham-se galochas e impermeável.

2. O Diário de Notícias - um alvo recorrente deste blog, conjuntamente com o superlativo Alberto João - tem novo director. Na esteira das mais nobres tradições de independência do matutino da Avenida da Liberdade, o jornalista nomeado, Fernando Lima, foi até há pouco tempo assessor do ministro da Cunha, Martins da Cruz. A linha editorial que vem dos tempos do Estado Novo, passando pelo PREC, Bloco Central, Cavaquismo e Guterrismo foi devidamente assegurada para o Cherneismo (regime político-partidário vigente).

3. O PS tem um líder...

4. O PS insiste: "Temos líder!"

5. O PS reafirma: "O líder continua firme e hirto!"

6. O PS assegura: "O líder existe. Só que agora está no Brasil."

7. Segundo o Professor Martelo, o PS está sem liderança política e o país sem oposição. E porquê? Porque ontem, no Estádio da Luz, não havia um único militante socialista de nomeada entre o VIP's...

8. O Primeiro Ministro foi ontem vaiado na Nova Catedral! No meio da monumental assobiadela, Durão terá confidenciado a um dos seus mais próximos colaboradores: "Chiça... É preciso ser-se ingrato. Um tipo dá uns dinheiros a estes gajos para construirem o Estádio, ajuda a aldrabar o PDM e convence o Santana a fazer uma engenharia financeira para mais uma trapalhada imobiliária e o reconhecimento que tem destes mal encarados é ser vaiado..." A este desabafo terá retorquido o solícito assessor: "E o pior, Sr. Primeiro Ministro, é que eles são 6 milhões..."
O Guterres começou assim no Pavilhão Atlântico a sua caminhada para o abismo.

Futebol dixit: "Não temos nem governo, nem oposição".

Há mau tempo no canal...

O país das aparências

Faz calor e o país arde de norte a sul.
Caiem umas gotas de água e há inundações por todo o lado.
O vento sopra e logo tudo fica num virote.
É este o nosso país, são estas as infraestruturas e condições a que vamos sobrevivendo.

Mas, hoje foi um grande dia! O Benfica inaugurou a sua catedral.
Linda por dentro, mas com o caos a abarrotar por fora. Houve muito fogo de artifício e muito espectáculo multimédia.

O Povo encarnado está feliz!

As acessibilidades, os parques de estacionamento são pormenores que agora não interessam... A factura de tanta obra faraónica virá depois. Mas, quem vier a seguir que feche a porta!

Viva o Benfica e viva o Futebol!!!

quinta-feira, outubro 23, 2003

Saudades da Natália...

Houve tempos em que no nosso parlamento havia talento... Hoje tudo cheira a mediocridade e a boçalidade. Excepção para essa força da natureza de nome Odete Santos.

Hoje, por acaso, encontrei no blog "Dois homens para uma mulher" uma deliciosa pérola da autoria da saudosa Natália Correia a propósito de um famoso discurso de um deputado do CDS (quem mais poderia ser...) sobre a sagrada finalidade do coito:

Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

NATÁLIA CORREIA

Diário de Lisboa, 5 de Abril de 1982.

O anedotário

Eis uma anedota fabulosa que corre pela internet:

No meio do trânsito de Lisboa, estão lado a lado um Mercedes em que segue uma madame finíssima e o respectivo motorista e um Fiat Uno bem velhinho. O tipo do Uno, grita, buzina, faz um escarcéu por causa do trânsito até que a fina madame baixa o vidro do Mercedes e diz-lhe:
- A paciência é a mais nobre e gentil das virtudes!, Shakespeare em"Macbeth". O tipo do Uno não se intimida e responde:
- Tou-me a cagar pra isso!, Ferro Rodrigues em "O Processo da Casa Pia".

quarta-feira, outubro 22, 2003

O momento do não retorno

O editorial de hoje do Público reflecte na íntegra aquilo que vai passando pela mente da grande maioria dos autóctones desta parte do mundo:

"(...)Tememos que se tenham atingido situações onde todos perdem e alguns justa ou injustamente, tenham de retirar-se de cena. Tememos que fique por fazer justiça às vítimas. Tememos que inocentes paguem por culpados (..)".

É por isso que, neste momento díficil, o português comum - que não vive apenas do futebol, do empréstimo do banco e dos passeios de domingo nos centros comerciais - exige àqueles que são os responsáveis supremos da Nação um pouco mais de acção, um pouco mais de bom senso.

Quando todos ouvimos o coro unânime - da extrema esquerda à direita - de apoio e compreensão pelas palavras de ontem do Dr. Sampaio, logo percebemos que o lamaçal vai continuar. Todos optaram pelo politicamente correcto. Quase que aposto que os gabinetes de comunicação e imagem de todos os partidos do nosso espectro político já tinham preparadas as suas reacções ao previsível e monótono discurso presidencial.

É em momentos como este que se faz História. É em momentos como este que se trilha o futuro.

Haja coragem! Haja audácia!


terça-feira, outubro 21, 2003

Alguém percebeu o homem?

Tentei ouvir atentamente o mais alto magistrado da nação... Tentei... Porque passados alguns minutos fui atacado por uma enorme sonolência.

Quando estávamos todos à espera de um bom murro na mesa, quando os cidadãos normais deste país aguardavam que alguém com dois dedos de testa assumisse as suas responsabilidades e puxasse algumas orelhas, eis que aparece mais um discurso redondo, óbvio, sem alma e sem qualquer chama.

Quando todos os poderes constitucionais (o executivo, o legislativo e o judicial) são perigosamente ridicularizados por toda a gente, de que é que o nosso presidente está à espera para sair do seu palácio e passar a acção?

O Presidente vai falar hoje à noite...

Resta saber quando é que deixa de falar sobre coisas que não interessam nem ao menino Jesus e passa à acção pondo alguma ordem no burgo...

segunda-feira, outubro 20, 2003

domingo, outubro 19, 2003

Tou-me cagando...

Parafraseando o infeliz Ferro Rodrigues:

Tou-me cagando para os nossos políticos,
Tou-me cagando para os nossos juízes,
Tou-me cagando para os nossos deputados,
Tou-me cagando para os nossos jornalistas,
Tou-me cagando para o nosso governo,
Tou-me cagando para a nossa oposição,
Tou-me cagando para o parlamento,
Tou-me cagando para as prostitutas de Bragança,
Tou-me cagando para os doidos que pensam que Olivença ainda é nossa,
Tou-me cagando para a nossa justiça,
Tou-me cagando para a PJ,
Tou-me cagando para o Paulo Pedroso,
Tou-me cagando para o Rui Teixeira,
Tou-me cagando para o Ferro Rodrigues,
Tou-me cagando para o António Costa,
Tou-me cagando para o Procurador Geral da República,
Tou-me cagando para o Bastonário da Ordem,
Tou-me cagando para a Universidade Moderna,
Tou-me cagando para a "Caterine Deneuve",
Tou-me cagando para as cunhas,
Tou-me cagando para quem se caga no Segredo de Justiça,
Tou-me cagando para toda esta merda

quarta-feira, outubro 15, 2003

Bragança no centro do mundo...

As célebres e pitorescas "mães de Bragança" fizeram aquilo que nem a Expo 98, nem o Euro 2004 ou qualquer outro evento ou personalidade portuguesa ousaram conseguir. Colocaram uma pequena cidade do interior de Portugal na capa da edição europeia da TIME.

Argumentarão alguns que o motivo não será o mais aconselhável. No entanto, o que é indesmentível é que alguns milhões de leitores - dos mais influentes do mundo - ficaram a conhecer uma das facetas do Portugal moderno: as meninas brasileiras.

O Dr. Cadilhe e a sua Agência Portuguesa para o Investimento ainda vão fazer de Bragança uma verdadeira Las Vegas lusitana...

segunda-feira, outubro 13, 2003

É só fumaça...

Caso estivesse vivo, o almirante repetiria hoje perante a histeria instalada as sábias palavras do Terreiro do Paço:

Não tem perigo,
O Povo é sereno!
É só fumaça...


domingo, outubro 12, 2003

Ainda a Clara Ferreira Alves

No post de ontem, ao referir-me à lúcida Pluma Caprichosa de Clara Ferreira Alves, ficaram algumas coisas por citar, nomeadamente a seguinte reflexão:

"Vincular uma acção governativa a uma superioridade moral tem os seus riscos, porque o erro é humano e as pessoas, ou os políticos, não são assim tão diferentes uns dos outros. (...) Cá fora, fora das luzes, a realidade demonstra-nos todos os dias que todos somos iguais, mas uns são mais iguais do que outros."

Depois do episódio da cunha, do circo mediático que rodeou a libertação da Paulo Pedroso e de tudo aquilo que temos assistido nos últimos tempos, estas palavras contudentes e esclarecidas permitem que tenhamos alguma perspectiva sobre o que vai ficando para lá da superficialidade e do imediatismo da guerra de palavras e da guerra de audiências em que se transformou o nosso quotidiano.

sábado, outubro 11, 2003

É preciso ter lata...

Ferro Rodrigues insurgiu-se hoje contra o "populismo das televisões" no caso de Paulo Pedroso. Se se compreende e até se elogia a frontalidade e a solidariedade activa que o líder do PS demonstrou desde a primeira hora ao seu camarada de partido, não se pode entender que quem mais utilizou o sistema mediático para fazer valer as suas posições, agora coloque sobre os media todo o ónus deste autêntico circo.

Na passada quarta-feira, Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues, António Costa e toda a restante clique do P.S. não tiveram qualquer pejo em aparecer nas televisões e lançar uma verdadeira barragem de fogo contra a Justiça em geral e contra o PGR em particular... Foi um espectáculo mediático que as televisões aproveitaram até à exaustão, é certo, mas em que os protagonistas centrais foram os socialistas.

Por isso é, hoje, muito difícil de entender estas palavras do líder do PS.

Clara Ferreira Alves no Expresso de hoje, a propósito dos tristes casos desta semana, refere o seguinte: "O caminho da moralidade demagógica é um caminho resvaladiço. Acaba-se sempre por tropeçar e cair".

Palavras muito lúcidas...

A Vida...

O rio passa, passa
e nunca cessa.
O vento passa, passa
e nunca cessa.
A vida passa:
nunca regressa

Poema Azteca, tradução de Herberto Helder em A Rosa do Mundo

quarta-feira, outubro 08, 2003

O dia da liberdade...

Curioso país o nosso...

Agora estamos num momento deveras inédito. O povo da rua passou defender arduamente a Justiça que vamos tendo e chega mesmo a idolatrar aquele a quem algumas vozes bem falantes chamam - muito perversamente, diga-se em abono da verdade - de " jovem juíz da tshirt branca".

Do outro lado da barricada temos alguma intelectualidade de esquerda, a classe política, o pessoal da Ordem dos Advogados e grande parte da classe média-alta que criticam veementemente as decisões dos tribunais e a arbitrariedade de muitas medidas, nomeadamente a aplicação da prisão preventiva. Aliás, o coro de protestos a que se assiste em certos meios dá quase a entender que a prisão preventiva foi algo que só agora começou a ser usado de forma abusiva...

É neste contexto de divisão profunda na sociedade portuguesa que se desenrolam os acontecimentos de hoje. Foi o grande dia de vitória para a família política da esquerda e respectivos aliados. O Tribunal da Relação de Lisboa ordenou a libertação de Paulo Pedroso e de imediato todo o processo da pedofília foi posto em causa.

O mediatismo e o ambiente de verdadeira histeria que rodearam a saída do ex-ministro da prisão remetem para o imaginário da libertação dos presos políticos de Caxias em 1974. Foi uma operação muito bem montada com a parceria empenhada das televisões que acabou, muito intencionadamente, por induzir confusão e o consequente descrédito no funcionamento da Justiça.

Estamos, pois, a assistir a uma verdadeira luta de classes. De um lado os fracos e oprimidos e do outro os ricos e poderosos...

É uma apreciação certamente simplista e maniqueísta do problema, mas reflecte uma situação, no mínimo, perigosa e potencialmente explosiva.

Vamos ver o que isto vai dar...

terça-feira, outubro 07, 2003

A vigança do homem comum...

A demissão dos dois ministros de Durão Barroso teve o condão de provar algo que é cada vez mais indescutível: o poder que os media assumem nas sociedades modernas.

Mas, mais do que isso, este surpreendente caso provou que, frequentes vezes, há pessoas que, apesar de nominalmente não serem portadoras de uma capacidade de grande influência ou de não personificarem qualquer poder instituído, podem deter por breves momentos um enorme poder posicional.

Imaginem aquilo que pode acontecer se um funcionário anónimo de um ministério qualquer tiver a sorte (ou o azar) de contactar com um documento comprometedor ou de, simplesmente, ouvir uma conversa melindrosa. Imaginem, igualmente, que esse mesmo funcionário anónimo e insignificante resolve dar o "grito do Ipiranga" e contactar um qualquer jornalista de uma qualquer televisão da nossa praça... O que é que pode acontecer? Um escândalo político e a suprema vigança do homem comum.

segunda-feira, outubro 06, 2003

Há vida depois do folclore!

Depois de todo o folclore que rodeou os episódios das viagens turísticas de helicóptero e das cunhas ministeriais o que fica, afinal, é uma sensação de algum vazio. Se é um facto que estes casos revelam muito da nossa natureza colectiva pelo "chico espertismo" que evidenciam, o que é certo é que, cada vez mais, se sente que falta a este país uma discussão de fundo sobre o nosso futuro e sobre o nosso lugar no mundo.

Todos nós (blogoesfera incluidissíma) caimos na armadilha mediática de comentar fait-divers mais ou menos caricatos, mais ou menos sérios ou mais ou menos indecorosos... Mas onde é que estão as questões que realmente interessam?

Quando é que foi que este país fez uma reflexão colectiva sobre o seu ser? Há quanto tempo não questionamos o rumo estupidificante que estamos a trilhar? Mais déficit menos déficit, mais pedófilos famosos menos pedófilos famosos, mais ministros menos ministros... É um ritual estupidificante a que nos rendemos sem qualquer resistência.

Provavelmente, num futuro próximo, seremos obrigados a pronunciarmo-nos sobre a Constituição Europeia. Alguém está preparado para o fazer? Ou vamos, tal cordeirinhos, seguir os mandamentos dos directórios partidários. Se pertencemos à esquerda caviar ou estalinista, vamos para a rua protestar e votamos Nâo. Se temos mais queda pela mandriona esquerda do sistema, vamos votar Sim e sublinhamos a nossa veia europeísta. Se estamos próximo da actual maioria, vamos fazer o que o duo Durão-Paulinho das Feiras nos indicar, i.e, votar Sim.

Mas será que tudo vai ser assim tão previsível?

E se, como tudo indica, os desinteressados portugueses ficarem em casa ou nos centros comerciais em vez de votarem no Referendo?

Será mais uma oportunidade perdida para discutirmos o nosso futuro? Ou será a derradeira pedrada no charco?

quinta-feira, outubro 02, 2003

A cunha

Àcunha, em alguns dialectos de Moçambique, significa Branco ou Português.

Aquela gente é mesmo sábia, pois não há termo que melhor nos defina...

A cunha é uma verdadeira instituição nacional que se pratica e reproduz no quotidiano de todo o bom cidadão luso. Seja ele ministro ou porteiro, há sempre uma oportunidade para se pedir uma ou para se conceder outra.

Foi o que fizeram os distintíssimos ministros do Ensino Superior e dos Negócios Estrangeiros. O primeiro, num verdadeiro acto de solidariedade interministerial, despachou positivamente o ingresso no curso de medicina da Universidade Nova da filha do segundo. Não é comovente?

É que a coitada da rapariga, afinal, seria prejudicada pelo facto do pai ter sido nomeado ministro e ter, por isso, abandonado a brilhante carreira de diplomata que lhe garantíria o ingresso facilitado no ensino superior. Coitada, era uma necessitada! E por isso das Necessidades saiu um lancinante apelo de ajuda para o colega Lynce. E este, ao abrigo de uma lei qualquer, "arranjou" uns argumentos e providenciou que uma das preciosas vagas do curso de medicina fosse ocupada pela filha do ministro.

Segundo a SIC, que denunciou esta noite o caso, a lei dispensa os estudantes que sejam filhos de diplomatas deslocados no estrangeiro das provas de acesso, não havendo igualmente nota mínima necessária para a candidatura. Maravilha!

Só que há um pequeno pormenor. A infeliz rapariga vive em Portugal desde Abril de 2002 e terminou o 12º ano por cá... Logo, teria que se comportar como um qualquer e simples mortal!

Os moçambicanos estão carregados de razão Àcunha é, mesmo, o nosso melhor epíteto.

terça-feira, setembro 30, 2003

Pedrito de Portugal

Há por aí um moço que, às terças-feiras, aparece na SIC a falar com toda a pompa e circunstância, como um verdadeiro homem de Estado.

Sabe de tudo e sobre tudo opina. Dizem que quer ser Presidente. E ele, com a humildade que se lhe conhece, nem diz que sim nem diz que não. Mas, todos sabemos que este homem foi feito para duas coisas: ser presidente de qualquer coisa e ser vedeta de televisão.

Neste particular, somos obrigados a ser sérios. O moço tem jeito e algum sucesso. Foi presidente do Sporting, foi presidente da Figueira, é presidente de Lisboa, é presidente da empresa municipal de out-doors de Lisboa. Logo, Belém será o destino natural do homem que gosta dos violinos de Chopin.

Mas, não esqueçamos a veia mediática deste leão da política. Câmaras é com ele (atenção, agora estamos a falar de tv). Neste sentido, sabe-se que as suas já famosas colaboradoras estão em negociações com a Endemol para a realização da edição 69 de Big Brother, emitida a partir do palácio de Belém...

Esperam-se concorrentes especiais, para além do Pedrinho, teremos o Paulinho Portas, a incontornável Cinha (uma autêntica mulher do poder), a Fátima Felgueiras pelo núcleo do P.S. do Rio de Janeiro, um representante comunista ainda não nomeado pelo comité central, e o Miguelinho Portas em representação da esquerda caviar. Para além disso, está garantida a participação do Zézito Durão todas as quintas-feiras aquando das audiências com Sua Excelência o Senhor Presidente da República Portuguesa.

Parece um delírio, mas já nada me surpreende... Pelo sim, pelo não, para a posteridade, aqui fica o registo desta louca profecia.

segunda-feira, setembro 29, 2003

Ode aos intelectuais do burgo...

"Uma mosca sem valor
Poisa, c'o a mesma alegria
Na careca de um doutor
Como em qualquer porcaria."

António Aleixo; Este Livro Que Vos Deixo; Vol. 1; Lisboa; Editorial Notícias

domingo, setembro 28, 2003

Um toque de azul...

Quase ao mesmo tempo que vemos morrer a grande "Grande Reportagem" (ver post de 30 de Agosto), eis que surge no mercado editorial português um projecto de muita qualidade, denominado "Blue", que se materializa em duas revistas mensais: a "Blue Travel" e a "Blue Living".

Destaque para o toque de classe da primeira que consegue, através de bons textos e de uma produção fotográfica espantosa, sublimar o fascínio que as viagens despertam em qualquer um.

Acrescente-se a isto tudo o notável esforço pela apresentação de destinos diferentes dos (a)normais roteiros turísticos. O exemplo de Setembro é magnífico. A descoberta de uma autêntica pérola do Índico: o arquipélago de Bazaruto.

Mais do que um destino turístico Bazaruto (como todo o Moçambique) é uma descoberta do nosso alter-ego. Moçambique é tudo aquilo que nós não somos, mas gostaríamos de ter sido...

Já agora, fica-se a aguardar uma reportagem sobre a mágica, serena e hospitaleira Ilha de Moçambique.

sexta-feira, setembro 26, 2003

PP, Le Pen & Companhia

O ministro Portas está imparável...

Depois das belas palavras sobre a imigração e da revoada de críticas que lhe caiu em cima, em que pontifica a óbvia comparação a Le Pen, o líder do PP convidou para o congresso do seu partido o inimitável e nojento Gianfranco Fini, vice-primeiro-ministro italiano, líder do partido pós-fascista Aliança Nacional.

Há coisas que não se percebem... De um momento para o outro assumimos esta condição arrogante de burgueses racistas e xenófobos, como se não tivéssemos nenhumas responsabilidades históricas com África, como se não tivéssemos alguns millhões de emigrantes espalhados pelo mundo e como se a grande maioria dos portugueses inscritos nos centros de emprego, em vez de reclamarem e aguardarem pachorramente em casa o subsídio de desemprego ou o rendimento mínimo, estivessem dispostos a ir para as obras, trabalhar na agricultura, recolher lixo ou servir à mesa de restaurantes...

E se um dia os Le Pen e os Fini deste mundo decidirem expulsar os nossos emigrantes? O que é que o Paulinho das feiras vai fazer?

quinta-feira, setembro 25, 2003

Turismo em Lamego...

A SIC noticiou hoje mais uma estória portuguesa.

Em Lamego, o comandante dos bombeiros decidiu «rentabilizar» o helicóptero destinado ao combate dos incêndios que foi alugado pelo Estado pela módica quantia de 700 cts. por hora de voo. Assim, quem quiser ficar a conhecer as maravilhas da região pode dar uma voltinha pelos céus e sentir toda a adrenalina que este tipo de experiência proporciona...

Os amigos do dito comandante e os notáveis da terra parecem ter preferência na fila de candidatos ao passeio. Contudo, não há nada que uma «boa lembrança» depositada nas mãos do diligente soldado da paz não consiga ultrapassar.

E o povo a pagar...

terça-feira, setembro 23, 2003

Este país morreu!

É desta forma fatalista que termina o fabuloso "Estação das Chuvas" do angolano José Eduardo Agualusa.

É a biografia romanceada da poetisa e historiadora Lídia do Carmo Ferreira que nos dá a conhecer um pouco da tragédia e da história recente de Angola. Desde a opressão dos derradeiros tempos do colonialismo aos desvarios da independência, passando pela insanidade da Guerra Cívil.

Vem isto a propósito do Editorial do Público de hoje, assinado por Nuno Pacheco, onde, com louvável desassombro, é relatada a surpreendente nomeação do traficante de armas Pierre Falcone como ministro plenipotenciário de Angola junto da UNESCO.

Esta estranha nomeação tem lugar numa altura em que, segundo o Público, o novo homem de Angola na UNESCO tem os seus movimentos limitados em França e "a justiça helvética (...) acusa o cidadão Falcone "de 'branqueamento' de dinheiro em dois inquéritos separados, um sobre as comissões, ou luvas, pagas no âmbito das vendas de armas a Luanda durante a guerra civil, e o outro sobre a utilização do dinheiro da transacção da dívida de Angola à Rússia, que teria sido desviado a proveito de 'dignitários políticos'."

É Angola no seu melhor. O país onde a lógica irracional dominante consegue normalizar o absurdo.

P.S. Outro livro que retrata muito da realidade angolana é a "Baía dos Tigres" de Pedro Rosa Mendes. Imperdível!

segunda-feira, setembro 22, 2003

Olivença, os moinhos de vento, os chaparros e a CIA...

Com tanto assunto interessante para entreter o tempo, então não é que há por aí um par de moços que formaram o denominado Grupo dos Amigos de Olivença? Sim, Olivença. Essa terra ocupada e oprimida pelas forças imperialistas de Castela...

É uma causa folclórica que vai animando o nosso anedotário.

Mas, Olivença ainda há-de ser nossa! A perserverança deste punhado de homens foi agora recompensada pelo famoso relatório World Factbook do mais poderoso serviço secreto do mundo, a CIA...

É verdade! Os fugosos rapazes da inteligência americana descobriram que em Olivença, afinal, existe um perigoso conflito fronteiriço. A gravidade é tal que a situação vivida naquela parte da Península Ibérica surge na mesma lista em que pontificam os problemas de Cachemira, da Palestina ou da Libéria (???).

Eis a qualidade da informação da CIA que, pelo ridículo, não passou despercebida à imprensa espanhola. Foi a risota total...

E os nossos moços ficaram todos inchados. O seu conflito, a sua causa têm a cobertura da omnipresente, omnipotente e temida CIA. Com Serviços Secretos com este discernimento muita coisa está explicada. Desde o 11 de Setembro às patéticas buscas de Bin Laden, do Mullah Omar e de Saddam.

Para Olivença e em Força!!!

A Vida é um longo rio tranquilo...

Pois deveria ser...

P.S. Grande filme

domingo, setembro 21, 2003

Afinal, os blogs não morrem de pé...

Misteriosamente o mais famoso blog da actualidade - o Muito Mentiroso - apresenta-se hoje sem qualquer conteúdo.

Depois de ter agitado as águas com inúmeras insinuações referentes a nomes graúdos, que mais não faziam do que dar eco aos muitos rumores que circulam aqui no burgo sobre o cada vez mais espantoso Caso Casa Pia, o blog está actualmente completamente vazio.

Porquê?

Terá sido o excessivo mediatismo que atingiu na nossa comunicação social? Terão sido as pressões oriundas dos meios político e social, que viam no blog uma grande ameaça? Terá sido simplesmente a cobardia de quem percebeu que, afinal, fomentar boatos e rumores a coberto do anonimato é uma canalhice?

Todas as interpretações são possíveis e legítimas. Esperemos os próximos capítulos.

O Remexido estará atento!

sábado, setembro 20, 2003

O Oscar e o Pedro...

"Podemos perdoar um homem que faça uma coisa útil desde que não a admire. A única desculpa para fazer uma coisa inútil é ser objecto de intensa admiração.Toda a arte é perfeitamente inútil."

in "O Retrato de Dorian Gray" de Oscar Wilde

Em homenagem ao nosso actual ministro da Cultura, eu diria mesmo: Todo o Ministério da Cultura é perfeitamente inútil!

sexta-feira, setembro 19, 2003

O que é que aconteceu à TSF?

O que é que se passa com a TSF? A monotonia e a rotina tomaram conta daquela que foi a referência da informação falada em Portugal. Até a monolítica RDP consegue ter uma manhã noticiosa bem mais interessante e dinâmica!

Será mais uma estratégia "mortal" do Dr. Rangel? Deixar cair a qualidade a um nível sofrível para depois aparecer, tal D. Quixote, com a solução redentora?

Dr. Rangel, não invente mais! É que o pessoal já lhe vai conhecendo os tiques...

terça-feira, setembro 16, 2003

A grande importância dos pequenos pormenores...

A propósito da decisão da RDP de alterar o seu inconfundível e histórico sinal horário, Adelino Gomes - uma das grandes referências do jornalismo contemporâneo aqui do burgo - escreve hoje no Público uma saborosa e nostálgica crónica que acaba por reflectir um pouco sobre esta mania muito portuguesa de modernizar tudo à força.

É por esta e por outras que, pouco a pouco, vamos ficando cada vez mais anónimos...

segunda-feira, setembro 15, 2003

O PP e o PP.

Confesso que o homem às vezes me irrita por ser tão previsível.

Sempre que há no ar uma opinião mais ou menos dominante, mais ou menos consensual, o incontornável Pacheco Pereira aparece a dizer precisamente o contrário. Lembram-se do Kosovo? Quando o deputado, convenientemente exilado em Estrasburgo por Durão, apareceu a relativizar os crimes de guerra cometidos pelos sérvios ou quando defendeu veementemente a cada vez mais patética intervenção anglo-americana no Iraque? E o que dizer de algumas pérolas escritas sobre Timor?

Mas desta vez gostei!

A propósito do outro PP, que supostamente é ministro da Defesa, o nosso PP - que é de esquerda mas teima em conviver no PSD com aves raras como aquela coisa que manda numa Ilha perdida no Atlântico - escreve o seguinte no seu fabuloso Abrupto a propósito da primária cruzada direitista contra a imigração: "Os ucranianos e as cabo-verdianas, os moldavos e as são-tomenses não competem com os portugueses e as portuguesas nos empregos que têm, a não ser residualmente. Mas a catilinária contra a imigração do dr. Portas nada tem a ver com o emprego. Tem a ver com um Portugal limpo de imigrantes, e por isso acaba por resultar num discurso contra os imigrantes, tão pouco português que carece de sentido. É copiado da vulgata de Le Pen, do pior que há".

Os das Caldas (do largo) estão fulos...

Ah Pacheco! É por isto que eu ainda vou gostando de ti. Apesar desse teu ar cada vez mais burguês, vais animando a pasmaceira aqui na metrópole!

quinta-feira, setembro 11, 2003

O anti-herói...

Há muita ironia em torno da tragédia do 11 de Setembro. Talvez a mais evidente é que, desde o momento do primeiro embate nas Torres Gémeas, a Al Qaeda e os seus aliados têm batido os americanos aos pontos num terreno onde estes são, por definição, invencíveis: o campo dos media.

A forma como o odioso, mas cada vez mais surpreendente e enigmático, Osama Bin Laden gere as suas aparições e, sobretudo, o seu silêncio demonstram um domínio perfeito dos dispositivos que regem os media ocidentais. Cada declaração que lhe é atribuída, cada imagem - mesmo desfocada - que aparece provoca um impacto mil vezes superior ao produzido pelos estéreis discursos do presidente americano.

Mas, o que é mais interessante no meio de tudo isto, é que o mundo árabe parece ter aprendido bem a lição. Desde Saddam ao seu patético, mas fortemente mediático, ministro da informação Mohammed Saeed al-Sahaf passando pelo misterioso Mullah Omar, assiste-se a uma verdadeira criação de mitos com grande enraizamento e simpatia não só no espaço do Islão como no próprio Ocidente.

Se olharmos para o que sucedeu na I Guerra do Golfo, as diferenças são quase escandalosas. Após a Operação Tempestade no Deserto, a indústria mediática norte-americana criou de imediato 2 heróis: Colin Powell e Schwarzkopf. Agora, com a guerra cada vez mais perdida, ninguém se recorda do nome do general ou generais que lideraram a operação militar. Até aquela encenação exaltante do resgate da soldado americana do hospital iraquiano se transformou num fiasco comprometedor.

A indústria criadora de sonhos e de mitos mais poderosa do mundo sucumbiu perante a argúcia dos extremistas árabes. Exemplo paradigmático de tudo isto foi a forma como a toda omnipotente e arrogante CNN foi humilhada pela surpreendente Al-Jazeera.

Será este mais um sinal dos tempos?

Paz e honra às vítimas do 11 de Setembro!

terça-feira, setembro 09, 2003

Até o PC???

Sim! É isso mesmo, até o aparentemente imutável, incorruptível e eficiente PCP está a perder qualidades...

Se não vejamos. Relativamente às reacções partidárias ao patético acidente do viaduto na IC19, o Público de hoje noticia o seguinte: "Ontem, não foi possível obter qualquer comentário sobre o acidente por parte do PCP".

É caso para perguntar. Onde é que estavam os famosos olheiros da Soeiro Pereira Gomes? Há quem diga que estavam todos na Festa do Avante devidamente atestados e distraídos, mas há também quem os tenha visto agarrados à tv a ver o Big Brother.

Isto não augura nada de positivo! Quando até os comunistas falham uma oportunidade política de ouro como esta para cascar no governo...

Definitivamente, este mundo está cada vez mais inseguro!

domingo, setembro 07, 2003

O país das pontes que caiem.

Dizem as crendices que passar debaixo de um escadote dá 7 anos de azar. Aqui no burgo passar debaixo de uma ponte dá direito a 5 minutos de fama na televisão e a uma estadia vitalícia na Quinta das Tabuletas.

É a engenharia portuguesa no seu melhor! De pontes e de túneis percebemos nós!

Até a RTP...

Nem a vetusta e anacrónica RTP se safa do escândalo da pedofília.

Da Casa Pia à RTP, de apresentadores de tv a médicos, de advogados a políticos, há de tudo neste triste caso.

Para que o filme fique completo só falta mesmo acrescentar um padre, um futebolista e um toureiro! Então teremos o retrato perfeito da sociedade portuguesa...

Quem sabe o que nos reservam as próximas semanas?

sábado, setembro 06, 2003

O Abominável homem da ilha regressou

Segundo o Público, o homem da ilha voltou a atacar... Desta vez, o episódio aconteceu no Porto Santo onde, entre muitas "tertúlias" (sinónimo de bebedeiras), o presidente da ilha mais livre do mundo logo a seguir a Cuba afrontou corajosamente o poder colonialista do Contenente (mais uma vez não confundir com o Continente do Eng. Belmiro).

O alvo escolhido foi a bandeira verde da praia que o destemido e cambaleante Jardim insiste em içar e a legalista e colonialista Capitania insiste em hastear, uma vez que a praia não tem vigilância.

Mas o melhor é que o homem, quando passa pela referida bandeira, faz continência e grita: "abaixo o colonialismo!"

Soberbo! Os Monty Pynton não fariam melhor...

sábado, agosto 30, 2003

Tudo o que é bom acaba

A «Grande Reportagem» vai acabar. Aquela que era a referência do jornalismo de investigação aqui no burgo vai ser reciclada. Reaparecerá de novo em Novembro, em formato semanal, como um banal encarte nas edições do «DN» e do «JN».

Adivinha-se que qualquer semelhança entre a nova versão e a «GR» que nós conhecemos será pura coincidência. Os tempos de Barata Feyo, Miguel Sousa Tavares e Francisco José Viegas já fazem parte da memória de quem se habituou mensalmente a ler, com imenso prazer, as reportagens e os comentários mais pertinentes que já se escreveram neste país.

Quando o todo vetusto «Expresso» resolveu transformar a sua também saudosa «Revista» numa salada de frutas sem qualquer sabor (hoje a «Única» mais parece uma imitação da «Holla» do que uma revista de grande informação), a «GR» continuava a ser o refúgio de todos os que gostam de consumir boa informação e de serem confrontados com perspectivas alternativas à «verdade» dos media oficiosos do sistema.

Os senhores tecnocratas da PT / Lusomundo, que não souberam manter aquilo que já foi um sucesso editorial, devem estar mais descansados. A «GR» no «Diário de Notícias» estará sempre mais domada e controlada. Não esqueçamos que o «DN» é o orgão oficioso do regime do momento. Qualquer que este seja. Desde a República ao Estado Novo, passando pelo PREC e Cavaquismo, o «DN» soube sempre interpretar o sinal dos tempos: amplificar a voz do seu dono!

Parabéns a todos os que fizeram da «GR» um grande exemplo!

quarta-feira, agosto 27, 2003

A rentrée

As férias estão a acabar...

As rentrées políticas estão de volta. Sem alma, sem chama e rançosas como sempre.

O Verão foi tristemente escaldante e o Inverno antecipa-se frio e deprimente. Vamos assistir ao degradante espectáculo da vida política nacional, a pedofília vai continuar a deprimir-nos e a economia continuará adiada, a enésima edição do Big Brother está de volta e o povo vai-se entretendo com o Professor Martelo, com os Pintos da Costa e Valentins Loureiros e com as desgraças anunciadas do Benfica.

O sucesso efémero do Europeu de Futebol e o orgulho nacional de termos mais 10 estádios (que vão ficar vazios) irão anestesiar o pessoal e encher os jornais.

Como diz o cantor, cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas.

segunda-feira, agosto 25, 2003

Lições do Iraque

Já se tornou uma rotina o facto de todos os dias haver baixas americanas no Iraque. O todo poderoso exército americano, libertador dos povos oprimidos, vai sendo dizimado metodicamente e mediaticamente. Os números não são propriamente escandalosos, mas o facto é que o impacto que os meios de comunicação dão a esta forma corrosiva de diminuir a moral do Tio Sam, começa a ter efeitos na decisiva opinião pública e a causar receios fundados na Casa Branca.

Não é por acaso que, de um momento para o outro, se deixou de ouvir falar em estados párias, em eixos do mal e outras alucinações do género a que a euforia da vitória aparentemente fácil conduziu. Por enquanto, o Irão e a Coreia do Norte podem estar descansados.

Todos os dias morrem americanos no Iraque onde o caos está instalado. No Afeganistão, apesar das melhorias verificadas face à anterior insanidade dos Taliban, a coisa não está muito segura. No eterno conflito entre Israel e Palestina são os extremistas de ambos os lados quem mais ordena. É esta a realidade da brilhante política externa norte americana.

Em tempos muito remotos, o rei Midas tinha o dom de transformar em ouro tudo aquilo em que tocava. Hoje, o ignorante Bush transforma em cinza e destruição tudo aquilo em que se mete...

P.S. Esta coisa de se considerar o Irão um Estado Pária tem muito que se lhe diga. Um dia voltaremos a este assunto.

quarta-feira, agosto 20, 2003

Mataram um homem justo...

Há imagens que geram em nós convicções muito fortes sem, muitas vezes, percebermos porquê. Há figuras distantes do nosso pequeno quotidiano que pela sua pose, pelo seu discurso, pelas suas atitudes geram empatias imediatas. Era isto que acontecia com Sérgio Vieira de Mello...

Desde a primeira vez que o vi na televisão, a chegar a Timor, que este homem me transmitiu uma imagem de seriedade, de empenhamento, de espírito de missão. Era o homem certo, no momento certo, nos lugares mais complicados do mundo. Sérgio Vieira de Mello personificava o espírito universalista da ONU. Era simples, seguro, discreto, frontal, culto, cosmopolita e fazia tudo com muita classe e, como bom brasileiro, sempre com um sorriso aberto e franco.

E morreu... Morreu como morrem os bravos. A lutar por um mundo melhor e mais seguro para todos.

Morreu porque acabou por ser mais uma vítima dessa política cowboy do presidente mais estúpido da história universal!

Porque é que são sempre os bons a morrer???

Porque é que o camião cheio de bombas conduzido por um doido não escolheu como alvo o gabinete oval da Casa Branca, em vez do Hotel Canal?

quarta-feira, agosto 13, 2003

Este fogo que nos consome (2)

Afinal, Lisboa já descobriu que o país está a viver uma catástrofe, embora exista uma inteligência arguta no nosso parlamento que considere que o “número de vítimas foi relativamente restrito”...

Mas, afinal, o assunto é sério. As televisões apareceram e, de imediato, o presidente apareceu, o primeiro ministro apareceu, o ministro apareceu (talvez se tivesse ficado em casa a coisa teria corrido melhor), a oposição apareceu e todas as carpideiras e aves de rapina do costume se puseram em bicos de pés: ambientalistas bronzeados, jornalistas bronzeados, comentadores bronzeados, ex-ministros bronzeados, técnicos de ecologia do fogo bronzeados, técnicos da psicologia do fogo bronzeados, técnicos da antropologia do fogo bronzeados...

Sei lá? Com tanto técnico bronzeado a opinar na televisão com tanto brilhantismo, o ministro Portas ainda se vai lembrar de lhes atribuir uma medalhita... Estes moços, no Inverno, devem estar todos no desemprego... Não se ouve falar neles, coitados.

Por outro lado, temos que concordar que passámos por momentos de glória, pois isto até parecia a Guerra Cívil Espanhola, tantas foram as brigadas internacionais a responder ao apelo lancinante do ministro: Chilenos (com duas tristes baixas), Marroquinos (uma grande lição para nós que agora pensamos que somos europeus de primeira), italianos (o tio Berlusconi foi o primeiro a enviar e o primeiro a retirar...), alemães (sólidos e eficazes) e os nossos hermanos que nos salvam sempre nas aflições (descontando o episódio negro do Prestige). Há que grande nação nós voltámos a ser! As notícias na CNN, a ajuda em dólares do Bush, as orações do Papa, a deslocação dos comissários europeus... Finalmente, depois do 25 de Abril tivémos uns minutinhos de fama.

E o Dr. Guilherme achou que era pouco... Ah, homem marafado! Quer tudo em grande! O líder da bancada da situação gosta mesmo de sangue a correr pelos ecrãs das tv’s. Não lhe chegam umas gotas tragicamente queimadas nos pobres pinhais e eucaliptais deste país...

Que pena o fogo não ter chegado a S. Bento...

domingo, agosto 10, 2003

O telemóvel (2)

O facto está consumado. Foi agora tornado público que o líder da oposição abandonou o seu telemóvel de sempre quando ia a caminho do Algarve. A explicação oficial aponta para que o célebre aparelho se tenha perdido numa qualquer estação de serviço. É a confirmação de rumores recentes que apontavam para uma degradação das relações entre os dois. Entretanto, também já se sabe que já há um novo substituto muito mais sofisticado que o anterior.

Se o Portas aparece com a Cinha, se a Marisa Cruz tem um namorado novo, também o nosso Ferro apareceu com uma nova paixão... São os amores de Verão, Senhor!

quinta-feira, julho 31, 2003

O fogo que nos consome...

O fogo alastra e o ministro diz que os meios são suficientes. Aldeias ficam cercadas pelo fogo e o ministro anuncia que os recursos colocados no terreno são capazes. Duas pessoas morrem carbonizadas e o ministro sossega-nos reafirmando pela enésima vez que os homens e equipamentos disponibilizados chegam. A floresta portuguesa consome-se ano após ano e o ministro de serviço sossega as almas mais exaltadas. No fim da história aparece sempre o chefe do ministro de serviço, com um ar sério e emocionado, a garantir a total compreensão e solidariedade para com as vítimas e a assegurar que os incendiários serão entregues à justiça.

E para o ano tudo se repetirá. Os directos estéricos das televisões em busca da melhor imagem das labaredas. Os rostos desesperados de quem vê a sua vida a esfumar-se em poucos minutos. O andar pesado, cansado e impotente dos bombeiros e... no meio de tudo isto, o contentamento discreto de quem vai ganhando a vida com este negócio.

É trágico o destino de se viver no interior...

quarta-feira, julho 30, 2003

O telemóvel traido... oh pá!

O país está chocado, oh pá... Poucos dias após ter declarado publicamente a fidelidade incondicional ao seu telemóvel de sempre, surge a revelação dramática e cruel. O Ferro não resistiu e traiu o pobre aparelho, oh pá! Numa prova irrefutável recolhida pela PJ, o alvo nº 21379 (i.e. o líder da oposição) na sessão 1892 afirma de forma crua e nua para o seu camarada António: "Oh pá, não achas melhor ter esta conversa noutro telefone?"

Um homem que tão despudoramente faz isto ao seu telemóvel de sempre, ainda por cima depois de ter manifestado de forma tão mediática e comovente a sua fidelidade, não é um homem que tenha o perfil para segurar o leme do país... Oh pá! Entre o cherne e o telemóvel, a nação encontra-se dividida.

Por este caminho, ainda acabo a votar no partido do Manuel Monteiro, oh pá...

P.S. - Por favor, leiam as transcrições desta conversa no link acima indicado. É a prova final do nível de expressão verbal dos políticos lusitanos...

terça-feira, julho 29, 2003

O Comissário

O antigo comissário da Expo é há algum tempo o comissário de bordo na TAP. Sim, porque aquilo precisava de rédea curta. Ter um administrador brasileiro indicado por suiços e nomeado por um ministro socialista com um ordenado de estrela de futebol à frente de uma companhia que sempre teve "cepos" ao leme, é de desconfiar.

O pior é que o homem, que fala português com sotaque e parece perceber alguma coisa de aviões, até começava a mostrar alguns resultados.

Resultados? Na TAP? Não, não pode ser... Estamos a falar da TAP e a TAP não foi feita para dar lucro. A TAP é dos portugueses! Sim, é de todos nós: pilotos (e famílias), pessoal de terra (e famílias), pessoal de voo (e famílias), mecânicos (e famílias) e, sobretudo, a TAP é do partido que está no governo. A TAP foi feita para empregar o pessoal que tem cartão e não consegue emprego noutro lado!!! A TAP é a arma secreta ao desemprego não qualificado!

Mas, calma, com um comissário de bordo da nossa côr não há problema... É só uma questão de tempo e o brasuca será devolvido a procedência, preferencialmente na Varig.

Então, a nossa querida TAP voltará a voar só para nós! AMÉN

O Jantar no Palácio

Não há nada como um bom jantar para acalmar as hostes... O Presidente, magnânimo, reuniu os sábios no palácio e discutiu o estado da Justiça na Nação. Conclusões: as mesmas do costume... Um discurso redondo, cheio de generalidades, consensual, com algumas indirectas inofensivas e todos os presentes saíram satisfeitos com o resultado de tão mediático evento. É esta magistratura de influência que temos.

A Oeste nada de novo...

segunda-feira, julho 28, 2003

O Abominável homem da ilha (2)

Segundo uma notícia hoje veiculada pelo Público, o nosso amigo ilhéu, em plena fase de aquecimento para o brilhante discurso no palanque de Chão da Lagoa, e depois de mais uns valentes copos «ergueu um cálice de licor de eucalipto para desejar que o jornalista do PÚBLICO "fique desempregado", por alegadamente, com outros correspondentes locais, "denegrir a imagem da região"». Brilhante!

É este o homem que alguns bacanos consideram ter o perfil ideal para ser o nosso comissário em Bruxelas... Já agora, o Tino de Rãs podia também ser nomeado Secretário Geral da Nato e o Emplastro Wally (aquela personagem desdentada do Porto que aparece com o cachecol do FCP em tudo o que é canal de televisão) deveria ser empossado embaixador de Portugal na ONU... Viva a República!

domingo, julho 27, 2003

O abominável homem da ilha

Há por aí quem lhe ache muita graça... Ainda ontem o Prof. Martelo - homem genial e adiantado mental para o estado de desenvolvimento da pátria - lhe chamou uma força da natureza... E tem toda a razão, pois o Abominável Homem da Ilha está no poder há 29 anos e parece ter alguma obra feita. Neste particular, destaque-se o financiamento aos clubes de futebol (que têm contribuído para que a juventude madeirense se afaste dos caminhos da toxicodependência) e a criação da Zona Franca da Madeira que dá uma ajuda na lavagem dos proveitos de comércios menos lícitos que, como vimos, não atingem a juventude da ilha. Genial!!!

Ora, o dito senhor tem vindo a refinar as suas aparições públicas. Hoje tivémos direito a mais uma pérola no habitual comício anual do Chão da Lagoa. Então não é que a Madeira é uma colónia do Contenente? Sim, isso mesmo, uma colónia do Contenente! E mais, a República (o regime em vigor no dito Contenente) está dominado por comunistas! Aí Jesus, credo! Que DEUS nos salve dos Cubanos!

A solução é só uma: Pátria ou Morte! Independência total para a Madeira.

P.S. Com tudo isto o Marítimo, como vencedor vitalício da Super Liga OMO lava mais branco, até garantia uma presença nas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões...

P.S (2) Não confundir Contenente com Continente. O primeiro está dominado por cubanos e o segundo é propriedade do Sr. Engº Belmiro.

quinta-feira, julho 24, 2003

Cuba, ilha da liberdade...

Então não é que o nosso camarada Ruben de Carvalho tem dúvidas sobre se se justifica ou não a existência da pena de morte em Cuba? Depois do inteligente episódio acerca da Coreia do Norte ser ou não ser uma democracia, eis que surge mais uma pérola no anedotário do comunismo português... A surpresa só existe porque desta vez a posição "vanguardista" foi verbalizada por um moço que até parecia ter três dedos de cabeça: Ruben de Carvalho.

Aí João Amaral, nem sabes a falta que fazes cá no burgo...

quarta-feira, julho 23, 2003

Os filhos da nação

Vi na CNN que o Bush filho apanhou os filhos do Saddam... Não será isto pedofilia?

terça-feira, julho 22, 2003

A Reforma...

Cada governo tem as suas reformas! Somos o país das reformas estruturais. Não há ministro que depois de meia dúzia de semanas sentado no Terreiro do Paço não apresente, ufano, a sua reforma. A derradeira e insuperável reforma. De preferência apresentada às 8 da noite de uma qualquer sexta-feira à  espera que o pasquim do reino a comente e aprove no dia seguinte.

Passam os governos, passam os ministros e a Reforma continua a sua saga a caminho da perfeição. Até tivémos um ministro da Reforma que acabou reformado. Coitado! Foi engolido pelo Sistema... Ah! falta falar do Sistema... Sim, porque a Reforma adora o Sistema. São irmãos inseparáveis.

O último episódio desta saga, foi a nomeação de um polí­tico reformado (outro) para liderar a Reforma da Função Pública. É preciso não desesperar, pois o moço percebe do Sistema e tem a sabedoria de quem percorreu, sem medo, muitos campos de golfe por esse mundo fora. Temos homem!

sábado, julho 19, 2003

O Século do Remexido

Numa época em que se tornou moda dizer mal de tudo e de todos, talvez não seja muito original criar um blog que, remetendo para o imaginário do século XIX, pretenda lançar mais umas farpas sobre o Portugal que temos e não gostaríamos de ter ... O século em causa revelou a decadência completa do país e basta ler algumas coisas desse tempo para chegarmos à conclusão que, apesar dos 28 de Maios, dos 25 de Abris, das descolonizações, da União Europeia, do Euro, dos telemóveis, das Expos, dos futebóis e de todas as restantes modernices, afinal não mudámos assim tanto...